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15/05/2020 às 07h56min - Atualizada em 15/05/2020 às 07h56min

Paralímpicos perdem espaço com a decisão

ALBERTO GOMIDE
O paradesporto brasileiro sofreu esta semana uma decisão desastrosa. A notícia, lamentável, é a de que o Clube de Regatas Vasco da Gama extinguiu o seu departamento paralímpico, acabando com o sonho de mais de 120 paratletas, que deixam o clube e terão agora que repensar seus projetos.

A pandemia de COVID-19 e os cortes de gastos do Vasco da Gama fizeram uma vítima de impacto social: as atividades paradesportivas do clube cruz-maltino foram encerradas. O anúncio foi feito pelo perfil da categoria no Instagram, que lamentou a decisão tomada pelo presidente da instituição, Alexandre Campello, e pelo vice-presidente de desportos terrestres, Francisco Lima Villanova.

De acordo com a nota, repleta de recados, indiretas e ironias, 128 alunos e atletas deixam o clube, por consequência. Confira o comunicado:

"Brigamos até o fim! Uma luta bem desleal porque não tivemos direito a defesa, porém o "Comitê Gestor", junto com nosso vice-presidente Francisco Vilanova e presidente Alexandre Campello, decidiram finalizar com os esportes paralímpicos.

O paralímpico do Vasco, mesmo sendo a modalidade âncora dos projetos da CBC (Confederação Brasileira de Clubes) e que o clube captou para a reforma da piscina algo em torno de R$ 1.200.000,00, e que se tivesse a tal CND (Certidão Negativa de Débito) poderia estar recebendo verba em todos os editais; sai, nesse momento, apequenado como parecendo uns coitados, já que não pode falar aleijados, vamos falar PCD que é mais social. Sai pela porta dos fundos em meio a uma pandemia, sem sequer ser citado pelo presidente nas entrevistas.

O paralímpico do Vasco, que sempre volta com medalhas das Paralimpíadas, que em outras épocas eram motivo de orgulho! Dávamos volta olímpica no campo de São Januário e éramos felicitados pela torcida. Nos últimos tempos não recebíamos nem parabéns, mas ok, estávamos lá fazendo nosso trabalho.

O Paralímpico do Vasco, pentacampeão Brasileiro (invicto) de Futebol de 7. A terceira força do Brasil na natação, que as últimas viagens tivemos que pagar do próprio bolso, mas mantivemos o clube no pódio, semi finalista de voleibol sentado, acabou morrendo na praia, na sombra dos esportes olímpicos. Esses, sim, permanecem todos no clube, justo.

O paralímpico do Vasco, que deixa órfãos esportivamente 128 alunos/atletas.

Mas o paralímpico do Vasco fez parte da história linda que o clube tem de inclusão, de pioneirismo, isso ninguém vai poder apagar. O paralímpico do Vasco tem tanto carinho pelo clube que se realmente for comprovado que os R$ 17.800,00 mensais (valor total BRUTO dos vencimentos de TODA a folha salarial da comissão técnica da modalidade incluindo técnicos, auxiliares técnicos e coordenação) forem sanar a crise financeira que a "pandemia" está gerando no clube, sai feliz por poder ter mais uma vez ajudado ao clube. Porém, se todo esse aporte financeiro mensal supracitado não influenciar em nada, sairemos com a dúvida que não quer calar: por que apenas os deficientes precisam deixar o clube, já que todos os outros atletas serão mantidos?”, encerra a nota.
 
 
 
O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
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