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13/05/2020 às 10h16min - Atualizada em 13/05/2020 às 10h16min

Taxa Selic a 2,5, será suficiente?

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA
A efetiva consciência acerca das limitações da realidade e da necessidade de realização de reformas, sem as quais será muito difícil que se vislumbre no horizonte a previsibilidade requerida para alavancar os investimentos necessários. A dinâmica eleitoral, o ciclo político que o país viveu em governos recentes, inibiu uma abordagem com tratamento mais franco dos problemas vivenciados, cujo diagnóstico era visto como politicamente contraproducente.        

É imprescindível que lancemos nosso olhar sobre um conjunto de outros tópicos, desde uma análise das perspectivas para o setor petrolífero, até o setor de habitação, passando por um conjunto amplo de pontos, que fazem parte da dinâmica de uma economia em fase de recuperação.

Todas essas questões estão sendo agravadas com a desaceleração econômica ampliada pela pandemia no mundo todo, que ainda não pode ser lida nos índices de atividade locais disponíveis.

A crise provocada pela pandemia do 
coronavírus, como se sabe, pegou em cheio grandes corporações, causando estragos nos negócios de milhões de empresas no planeta. Em alguns setores, porém, houve grandes benefícios. As ações de varejistas online, como a americana Amazon e a brasileira B2W, subiram desde o início da pandemia. Com as pessoas confinadas em casa, outro setor que recebeu um grande impulso é o de games. Por outro lado, a pesquisa Focus divulgada na última segunda-feira mostrou que a Selic deve terminar o ano a 2,50%.

O mercado voltou a reduzir a expectativa para a taxa básica de juros neste ano, depois de o Banco Central sinalizar um último corte à frente, enquanto a expectativa de contração da economia superou 4%.

Em meio às consequências das paralisações e restrições provocadas pelo surto de coronavírus, a pesquisa Focus mostrou que a projeção agora é de que o Produto Interno Bruto (
PIB) encolha 4,11% em 2020, de uma queda de 3,76% prevista antes. O prognóstico de recuperação em 2021 permanece sendo de um aumento de 3,20% do PIB.

A pesquisa divulgada pelo BC mostrou que a 
Selic agora deve terminar o ano a 2,50%, taxa de 2,75% esperada antes. Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,75 ponto percentual para a mínima histórica de 3%, indicando que ela não deve cair aquém do patamar de 2,25% ao ano. Para 2021, a expectativa passou a ser de uma taxa básica de juros de 3,50% no fim do ano, contra 3,75% antes.

O estímulo vem em um momento em que os diversos setores da economia registram retrações recordes, e grande parte dos consumidores passam a comprar apenas bens essenciais. É por isso que o comitê diz no comunicado que “neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado”.

Na opinião de alguns especialistas, porém, seria necessário um agravamento ainda mais intenso da situação fiscal e um nível ainda mais depreciado da taxa de câmbio para impedir que o Copom repita em junho a decisão de hoje, levando a taxa Selic para 2,25% a.a. em sua próxima reunião, patamar que perduraria até o fim do ano.

Vamos refletir: a crise pela qual a economia brasileira atravessa, agravada em grande parte pelo surgimento da pandemia, aumentou gradativamente o desejo de aprofundar a análise das questões que estavam começando a aparecer, como entraves ao processo de crescimento do país e que já haviam sido levantadas por alguns economistas no período anterior.

O colegiado do Copom reforçou, no entanto, que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional, como a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade. O Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário, como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19.
Pensando estrategicamente:  a atualização do cenário básico do Copom leva em conta o cenário externo, a pandemia da Covid-19, que está provocando uma desaceleração significativa do crescimento global, queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade nos preços de ativos. Nesse contexto, apesar da provisão adicional de estímulos fiscal e monetário pelas principais economias, e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador, com saída de capitais significativamente superior à de episódios anteriores.

A expectativa do Focus caiu pela oitava semana seguida na segunda-feira (11), chegando a uma alta estimada em apenas 1,97% para o IPCA, contra 2,20% visto antes. Para 2021, a inflação é calculada agora em 3,30%, ante 3,40% no levantamento anterior.
Diante desse cenário surge a seguinte indagação: Taxa Selic a 2,5, será suficiente?


Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
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