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31/01/2020 às 08h30min - Atualizada em 31/01/2020 às 08h30min

Escutar também é uma arte

Celso Machado
Para quem me acompanha sabe o tanto que admiro e reverencio a arte de ouvir. Ouvir atentamente, concentrado no que está sendo dito. Processando observações, informações, comentários. Não apenas ficar calado quando o outro está falando. A isso dou o nome da gentileza do silêncio.

Pois bem, sobre isso faço minhas avaliações. Não são poucas as vezes, notadamente quando o interlocutor está irritado, agressivo e contundente que apenas escutar, nada mais do que isso, além de uma arte pode ser muito útil.

Em momentos de raiva tem pessoas que falam o que não devem, que agridem com seu vocabulário inadequado, que querem externar hostilidades, ressentimentos, não conversar civilizadamente. Também venho tentando praticar isso: escuto, mas não ouço. Fico mudo e não dou a mínima importância a esse tipo de manifestação. Passei por tantas situações indelicadas que dei atenção que me fizeram ficar magoado,  sendo que  os outros seguiam seus caminhos sem nem darem a mínima para o mal que causaram.

Até que um dia ouvi de uma pessoa sábia que admiro muito, que mágoa é um veneno que a gente toma pensando que o outro é que vai passar mal. Ainda por cima acrescentou: quando você fica chateado com alguém muitas vezes essa pessoa nem percebe e segue seu caminho tranquilamente. Daí porque o controle da sua vida deve ficar com você que é quem mais tem interesse nele, não com os outros que geralmente estão cuidando do seu. Depois disso mudei a prescrição: retribuo com desdém aquilo que não me convém.

Evito discussão dessas em que a pessoa tem o único objetivo de mostrar que sua opinião é a certa. Nada vão me acrescentar, apenas incomodar. E se tem coisa que a gente não deve buscar é aborrecimento: bastam os que surgem em nossa vida fora totalmente do nosso controle. Não se trata de arrogância, nem de subestimar o outro, mas de valorizar aquilo que merece e deixar de lado o que tem propósitos, digamos, menos nobres.

Me fez e me faz bem. Muito bem. Minha jornada tem sido mais suave, mais tranquila e o melhor, sob maior influência minha. Valorizo a opinião alheia sim. Mas fico muito atento com a forma que é colocada, se com o intuito de alertar, acrescentar ou simplesmente criticar. Ouvir ou escutar, dois comportamentos tão parecidos, mas bem diferentes. Confundir os dois pode ser um problema. Não é fácil separar, mas compensa.



*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.








 
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