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20/01/2020 às 17h00min - Atualizada em 20/01/2020 às 17h00min

É a matemática!?

PROFESSOR EDUARDO MACEDO
Num passado recente. Estamos em Uberlândia, Triângulo Mineiro, Estado de Minas Gerais, mais precisamente na latitude dezoito graus, cinquenta e cinco minutos e oito segundos Sul e longitude quarenta e oito graus, dezesseis minutos e trinta e sete segundos Oeste; cidade que detém o quarto Produto Interno Bruto (PIB) do Estado (IBGE).

A matemática “é a ciência do raciocínio lógico e abstrato, que estuda quantidades, medidas, espaços, estruturas, variações e estatísticas. Um trabalho matemático consiste em procurar por padrões, formular conjecturas e, por meio de deduções rigorosas a partir de axiomas e definições, estabelecer novos resultados. [...] A matemática é usada como uma ferramenta essencial em muitas áreas do conhecimento, tais como engenharia, medicina, física, química, biologia, e ciências sociais.” (Wiki).

Uberlandino (nome fictício), pela manhã, segue para a sua escola municipal. Atrasado, apressa seus passos, afinal naquele dia, entre outros conhecimentos, teria aula de matemática. Sua sobrevivência, diante de um mundo cada vez mais complexo, depende muita mais da soma, da divisão, quem sabe da multiplicação, para obter êxito pessoal e profissional, no presente e futuro. Embora confiante e motivado para o aprendizado, a rede municipal de ensino da qual faz parte a sua escola registrou em 2013, através da avaliação (Prova Brasil), a proporção de aprendizado adequado entre todos os alunos do quinto e nono do Ensino Fundamental, de 53% e 22%, respectivamente. Isto é, no nono ano, somente um a cada quatro alunos aprenderam adequadamente esta matéria (
http://bit.ly/1Uf9ynj, Qedu).

Mas, além da proficiência em contas e deduções, Uberlandino também depende de professores, sem os quais não obterá êxito em sua trajetória escolar. Infelizmente, a categoria mais importante deste país, diante da sua perversa proletarização, também passou a enfrentar problemas nos pagamentos dos seus salários. (“Protesto na Câmara pede pagamento imediato a servidores municipais”, Jornal Correio, 03/12/15). Em Uberlândia, o poder executivo municipal não utilizou a matemática adequadamente na administração do seu orçamento, e o resultado e o preço de sua incompetência gerou consequências e indignação naqueles que entre outras responsabilidades, têm que ensinar matemática aos seus alunos.

Como se não bastasse, Uberlandino, naquele dia, ao retornar da escola, presenciou a angústia dos seus pais, pois desempregados, se desdobraram na aquisição de alimentos para o almoço da família. Com o orçamento deficitário passaram a fazer contas diariamente, e a matemática tornou-se o elemento desafiador para os mesmos. Mas como ocorrido no poder executivo local, o governo federal, entre pedaladas e outras alquimias, deflagrou uma crise econômica sem precedentes, tratando também de vilipendiar a matemática, a ciência exata que não admite entre outras coisas, almoço grátis.

Com efeito, morar numa “cidade educadora” ou numa “pátria educadora” não assegurou ao Uberlandino e milhões de estudantes, uma educação de qualidade, marcada pela permanência e progressão adequada nos sistemas públicos de ensino. É a matemática!? Para alguns gestores e políticos, talvez, um mais um, pode ser três, dependendo do grau de demagogia e marketing, inúteis e cínicos arquitetados em seus gabinetes.

E a vida continua. Uberlandino segue diariamente correndo riscos, respirando números, tendo a sua educação custeada pelos impostos e pela desastrosa matemática das autoridades, torcendo, porém, para que não seja mais uma estatística do fracasso da educação brasileira.


*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.







 
 
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