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07/01/2020 às 08h15min - Atualizada em 07/01/2020 às 08h15min

Raulino Cotta Pacheco (1º)

ANTONIO PEREIRA

Quando Raulino Cotta Pacheco faleceu, aos 77 anos de idade, o jornalista Pedro Salazar Pessoa Filho, seu grande amigo, traçou-lhe necrológio pelo jornal O TRIÂNGULO em cujo fecho falou na evidência de que um Grupo Escolar ou uma rua viesse a sustentar placa com seu nome. Veio a placa nas esquinas da avenida que parte o bairro Martins em dois. A antiga Andradas. A população da cidade não aceitou a mudança com tranquilidade e os moradores da avenida recusaram-se a engolir a alteração feita pela Câmara.  Ninguém sabia onde era a avenida Raulino Cotta Pacheco. Sabiam onde era a Andradas. Até hoje há quem se refira àquele logradouro como “Andradas”.

Bruta injustiça.

Raulino foi um homem tranquilo que, no rolar de sua vida simples, foi marcando acontecimentos que transformaram sua terra adotiva. Ao falecer, idoso, vivendo sossegado no seu canto, pareceu à população mais recente e mais jovem, que se prestava mais uma homenagem ao seu ilustre filho Rondon Pacheco. Engano. Homenageava-se Raulino, apenas.

Era filho único de João Cotta e Alcina Messias Pacheco. Nasceu em Abadia do Bom Sucesso (Tupaciguara), em 1885. Fez os estudos ginasiais no famoso Colégio Diocesano de Uberaba. Esse Colégio foi pioneiro de uma novidade esportiva nos sertões triangulinos, o futebol. Os meninos que lá estudavam, internados, faziam suas peladas nos momentos de folga e, de volta às suas cidades de origem, levavam o novo esporte nas malas.

O primeiro a chutar uma bola na antiga Uberabinha foi Avenir Gomes num canto do cemitério velho que havia na praça Clarimundo Carneiro. Não demorou para que se aglomerassem jovens locais em torno da coisa nova.

O primeiro time que se fundou na cidade foi o União Futebol Clube, que não foi para frente. Lá por 1911 ou 12 o mesmo grupo do União, mais alguns jovens, fundaram o primeiro time que se projetou no ambiente esportivo regional, o Rio Branco Futebol Clube, cujo presidente era Adolfo Fonseca e Silva. Raulino logo se incorporou à equipe. Foi um dos que vestiram a camisa preta e branca ao lado de Nelson Gomide, Ladário Cardoso, Angelo Petri, Avenir Gomes, Afonso Carneiro, Martinho Nascimento, Mário Castanheira, Adolfo Segadães, Luciano Garcia, Antônio Sapo, João Meireles, José Fonseca, Edmundo Schwindt, Sinfrônio Faria, Jerônimo Xavier, Jessé França, Américo Zardo, Magno Santos, Jerônimo Matias dos Santos, Wanderlin Silva, Alceu Marques e outros.

Quando em 1922 se fundou o Uberabinha Sport Club, lá estava de novo o Raulino, não mais como jogador, mas como entusiasmado torcedor que em 1932 participou da reorganização administrativa do time. A partir de 1923, o esquadrão continuou a existir e a participar de pelejas, mas sem diretoria ativa que se reorganizou na década seguinte. Raulino foi um dos diretores do Uberabinha Sport.

Terminando o Colégio Diocesano, Raulino voltou para Uberabinha. Pedro Salazar Pessoa Filho estava organizando uma papelaria. João Cotta pediu-lhe que aceitasse o filho na firma. Pedro concordou e formou-se a sociedade Pacheco & Salazar. Essa papelaria funcionou na avenida Afonso Pena, mais ou menos onde funcionou a Livraria Kosmos. Era também sócio Sidney Machado da Silveira.

Foi quando chegou à cidade o professor Honório Guimarães, primeiro diretor do Grupo Escolar Bueno Brandão, construído alguns anos depois, em 1914.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.








 

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