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17/11/2019 às 14h00min - Atualizada em 17/11/2019 às 14h00min

Autoridade vulgar

JOÃO BOSCO

Na Rondon, o motorista caiu na blitz. Parou e olhou para o guarda com desdém. O guarda entendeu na hora o que ele queria dizer (Vocês só mexem com trabalhador. Vai pegar bandido!). E nesse “vocês” estavam implícitos muitos, inclusive ministros do STF). Abriu a boca para falar, o guarda já cortou: “Veja os modos como fala, se me desacatar vou te prender por desacato a autoridade.” “Que autoridade que nada, você não é autoridade.” “Respeita a minha farda!” “A sua farda, meu irmão, não garante que você é uma autoridade. Pergunto: por acaso você já escreveu um livro?” O guarda saca o bloquinho de multa e diz: “Aqui o meu livro.” Cínico, o motorista pergunta: “Você tem filhos?” “Quer me sensibilizar agora, é? Vou te multar.” “Multa, multa, vou recorrer. Autoridade é autor, é quem, por exemplo, escreve livros; é augere: significa fazer crescer. Você não é meu pai...” e fim de papo ... O termo é abrangente e a conversa é ficcional. Objetiva apenas registrar como a má investidura, cada vez mais, tem deslocado o termo autoridade para o campo vulgar.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.








 

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