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09/11/2019 às 08h15min - Atualizada em 09/11/2019 às 08h15min

Robotização: como fazê-la com responsabilidade?

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA

A globalização é responsável por inúmeras mudanças no mundo, bem como das formas de trabalho. Quando a produção industrial passou a ser baseada em tarefas repetitivas, logo surgiram estudos visando a sua automação e otimização. Ou seja: o trabalho humano seria substituído pelo das máquinas. Esse fenômeno que emergiu dentro das indústrias mundo afora é chamado de robotização.

Com o avanço dos conhecimentos na área da robótica, as máquinas passaram a realizar um vasto número de tarefas, com o intuito de minimizar as falhas humanas e acelerar a produção. Os robôs também ocuparam os espaços onde o trabalho representava condições insalubres e cansativas aos operários, como na soldagem de peças, pintura de veículos e operação de alto-forno em siderúrgicas.

A tecnologia da robotização é altamente sofisticada e requer um alto nível de desenvolvimento técnico-científico. Além dos setores industriais, as áreas da Medicina e da Computação já são amplamente robotizadas. No caso do comércio, máquinas autônomas (vending machines) fazem a comercialização de produtos como café, refrigerantes, lanches, ingressos para shows e cinema, entre outros.

Nas indústrias, as etapas de produção relacionam-se fundamentalmente aos avanços técnicos que maximizam a produtividade e favorecem a qualidade dos bens. Ao passo que a produção envolve grandes montantes financeiros e os custos relacionados ao quadro de funcionários é expressivo, a robotização garante uma economia a longo prazo – e, por isso, ela se faz tão presente.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 85 mil novos robôs são introduzidos nas indústrias do planeta, a cada ano. A estimativa é de que existam mais de 800 mil robôs atuantes, substituindo a força de trabalho de quase dois milhões de pessoas. O setor automobilístico é o que mais investe em robôs, detendo 68% de todas as máquinas em operação.

Todavia, a robotização chegou também aos ambientes domésticos. É cada vez mais comum nos depararmos com equipamentos autônomos que fazem as atividades cotidianas do lar. Robôs aspiradores de pó, alimentadores automáticos de animais e assistentes digitais como o Google Assistant e a Amazon Alexa são exemplos do quanto o avanço da robotização é praticamente irreversível.

É graças à robótica, nanotecnologia e demais inovações tecnológicas que o processo produtivo se tornou mais dinâmico, onde uma única pessoa é capaz de realizar a função de outras dezenas. Em contrapartida, a reestruturação produtiva elevou o chamado emprego temporário, fomentou a desregulamentação do trabalho, com contratos precários e baixa média salarial, e aumentou o índice de desemprego.

A previsão é de que o ritmo da automação nos processos de produção aumente nos próximos dez anos, pois existem várias tecnologias em desenvolvimento. Devemos presenciar grandes transformações no mercado de trabalho e os profissionais devem se qualificar para disputar as vagas de emprego – existentes e futuras – com os robôs.

Nesse cenário, especialistas pesquisam formas de sanar uma desigualdade social mais arrebatadora do que a atual. Para isso, os governos devem aumentar a tributação sobre os mais ricos, a fim de custear um sistema de educação pública voltado para as novas necessidades do mercado. Já os donos dos meios de produção, precisam adotar processos mais eficazes de recolocação de trabalhadores.

Pensando estrategicamente... a robotização, na verdade, ajuda a valorizar as competências humanas. Quando o assunto é a substituição gradual de humanos por máquinas, mesmo com os avanços tecnológicos, os robôs não possuem atributos que fazem a diferença para o sucesso profissional. Criatividade, análise crítica, rapidez nas tomadas de decisões e empatia são habilidades que garantem o emprego.

Ao automatizar tarefas mecânicas e previsíveis, a empresa está apostando na redefinição do trabalho dos empregados com o apoio de tecnologias. Desta forma, o humano consegue focar em tarefas mais significativas e personalizadas, que valorizam seu posto de trabalho. A tecnologia está evoluindo para permitir uma gestão mais dinâmica e menos hierarquizada.

A robotização de algumas atividades permite otimizar a gestão humana e a produtividade no trabalho, justamente o contrário dos temores onde seríamos substituídos pelas máquinas. Temos o desafio para chegarmos a uma perfeita simbiose humano-robô. Porém, a habilidade de produzir novas soluções e seguir evoluindo é exclusivamente humana.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.









 

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