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01/11/2019 às 08h06min - Atualizada em 01/11/2019 às 08h06min

Jantar com Vinicius de Moraes

CELSO MACHADO

Esta semana a colega, amiga e parceira Núbia Mota me encaminhou uma nota do jornal “Correio de Uberlândia” do dia 15 de maio de 1979 que destacava o show de Toquinho e Vinicius que seria realizado aquela noite no ginásio do UTC.

Não poderia imaginar as recordações que me trouxe de uma Uberlândia bem diferente, onde as pessoas se conheciam e mesmo que não fossem do seu círculo de relacionamento se encontravam porque, a cidade era bem menor e os locais de lazer, poucos.

Dois eram os principais, sendo que um permanece até hoje, o Praia Clube, o outro ficou na memória de quem o conheceu que dele não esquece, o restaurante Kabana. Neles é que se concentrava todo o movimento social, o primeiro de dia e o segundo à noite.

Naquela época tinha minha própria empresa que atuava na publicação de jornais empresariais, a Redice. Era também atuante diretor social do Praia porque disponibilidade de tempo não me faltava. Exercia plenamente duas atividades que mantenho, ainda que numa escala menor: jogar bola e saborear umas cervejas.

Não lembro a razão, mas o Tininho que na época era secretário municipal e vivia promovendo eventos, me convidou para o jantar que seria oferecido na véspera da data do show para Vinicius, Toquinho e sua trupe. Aceitei na hora e à noite lá estava na Kabana saboreando um cardápio que nunca mais tive acesso: conversar com o “poetinha” e seu parceiro.

Jantar ouvindo histórias e convivendo com um dos maiores poetas e músicos brasileiros foi um presente inesquecível. Sua simplicidade, sensibilidade e generosidade me encantaram. Havia momentos em que me cutucava para sentir se o momento que estava vivendo era de verdade.

Para completar, no outro dia pela manhã, a pedido do Toquinho organizei junto com o saudoso Mário Pão e outros amigos um racha de futebol de salão no ginásio do Praia em que esse outro excepcional músico participou. E, jogando bem. Não esqueço quando o Toquinho me pediu que o organizasse, e quando falei que seria no Praia, ele me perguntou se lá tinha vestiários para ele trocar de roupa...

À noite, claro junto com a turma que havia jogado o racha pela manhã, estive no ginásio do UTC assistindo o show da dupla que marcou a música brasileira. Só que do show não lembro nada, porque a sessão de cerveja que havia iniciado na noite anterior teve sequência na manhã, continuidade à tarde e fechamento à noite.

Mesmo com a ressaca tendo durado muito tempo, nunca me arrependi, porque existem momentos na vida que são únicos. Mágicos, inesquecíveis que acendem nossas lembranças pelo simples encontro com um recorte de jornal.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.






 

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