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22/10/2019 às 08h15min - Atualizada em 22/10/2019 às 08h15min

"Meu amigo Dahmer"

BRUNO INÁCIO
Foto: Divulgação

Em 1991, os Estados Unidos se chocaram com a história de Jeff Dahmer, um serial killer que matou, com requintes de crueldade, 17 garotos entre os anos de 1978 e 1991. Alguns dos casos, bastante noticiados na mídia, envolveram necrofilia, estupro e canibalismo. Dentre as pessoas que receberam a notícia com grande impacto estava o artista Derf Backderf, que havia estudado com Jeff na adolescência. Das suas memórias sobre o convívio com o assassino em série surgiu “Meu amigo Dahmer”, graphic novel que fez sucesso no mundo todo e foi publicada no Brasil em uma bela edição da Darkside Books. Na trama, Backderf utiliza
suas memórias, memórias de colegas, arquivos do FBI e da mídia e outras fontes para reconstruir a adolescência de Dahmer.

A história, com traços fortes e em preto e branco (que muitas vezes lembra Robert Crumb), apresenta um Jeff a princípio invisível na escola. À medida que a narrativa avança, ele ganha mais visibilidade (embora nunca tenha chegado a ser um aluno popular) por meio de piadas sombrias e imitações cruéis de um decorador que sofria de paralisia cerebral. Já nessa época, muitos colegas de Dahmer enxergavam comportamentos no mínimo curiosos em Dahmer, como, por exemplo, o fato de ele gostar de abrir animais mortos. Também foi na adolescência que Jeff se entregou ao alcoolismo, bebendo, na maior parte das vezes, dentro da própria escola. O artista Derf Backderf também reconstruiu memórias perturbadoras que Dahmer só revelou após ser preso, como o dia em que desistiu, no último momento, de matar um cachorro a pauladas ou quando percebeu que se sentia excitado ao se imaginar fazendo sexo com cadáveres. A obra é bastante precisa ao relatar os fatos e é repleta de extras, como informações sobre o julgamento de Dahmer, que foi condenado a 957 anos de prisão, embora tenha sido assassinado na penitenciária alguns anos depois de ter sido preso.

Também cumpre um papel de alerta, ao demonstrar que, apesar de tantos sinais de que Dahmer era sombrio e perigoso, familiares, profissionais da escola e colegas de classe jamais levaram a sério esse risco.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.





 

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