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19/10/2019 às 08h15min - Atualizada em 19/10/2019 às 08h15min

Questionando os parâmetros éticos da privacidade dos planos de saúde

TÚLIO MENDHES

Quando o assunto diz respeito ao segmento de planos de saúde, abarcamos um nicho grande da população brasileira. Segundo dados do IBGE, em junho deste ano o número de beneficiários em planos privados de assistência médica com ou sem odontologia chegou a 47.104.169. Por outro lado o número de beneficiários em planos odontológicos foi de 24.799.042. Sintetizando que 22% da população, ou seja, 47,1 milhões de pessoas são conveniadas. Já 9 milhões integram planos individuais e familiares e 31,7 milhões por adesão empresarial. Uma gama de nichos diferentes e um número com um banco de dados massivo.

Com esse dantesco número de usuários, questiono: Quais os dados que nossos planos de saúde armazenam sobre cada um de nós? Bom, é mais que obvil que as informações retidas por empresas desse segmento são muito, muito, mas muito ricas e caso caiam nas mãos erradas podem ter um efeito devastador.

E justamente pela possibilidade desse efeito avassalador, é mais que necessário relembrarmos como o conceito de privacidade é compreendido nesse setor. Afinal, a proteção de informações ou condição de inacessibilidade às informações, abrange também mesmo que indiretamente os objetos e os relacionamentos íntimos entre todos que tem acesso às informações. Por isso esse conceito baseia-se na definição sobre quem pode ou não ter acesso e a quais informações, determinando o que pode ou não ser revelado sem que haja perda ou violação de nossa privacidade e confidencialidade.

Assim, inicio aqui questionamentos substanciais, por exemplo, o que nós, podemos fazer para aprimorar o cenário de informações sobre nossa intimidade no mercado corporativo – planos de saúde? Um fato é no que tange esse “departamento”, nós fornecemos nossos dados em todo momento. Tendo como exemplo que, são várias as instituições que têm garantidas a propriedade sobre cada uma das informações que cedemos como nossa idade, endereço, contatos, histórico completo de saúde, dados familiares e socioeconômicos. E a prioridade desses dados passa pelas “mãos” de seguradoras, hospitais, médicos, corretoras, operadoras, sindicatos, laboratórios e administradoras de benefícios. Uma coisa natural e que ignoramos como o funciona a coisa toda é que hoje, quando entramos no consultório de qualquer médico, encontramos um computador na mesa e ali ele preenche todas as nossas informações que são salvas no sistema.

Lembrando que quando, deliberadamente, concedemos a outras pessoas o acesso a nossas informações ou permitimos exames em nosso corpo, automaticamente compartilhamos voluntariamente nossa privacidade, entretanto, julgamos ter domínio sobre o limiar dessa prática. Prevemos e aspiramos que os dados fornecidos em confiabilidade permaneçam limitados às pessoas, ao sistema a quem os confiamos. Precisamos levantar questionamentos sobre as práticas da violação da privacidade e violação da confidencialidade, afinal, acontece quando ambas obtém nossas informações sem que tenhamos fornecido voluntariamente.

Concluindo quanto e como devemos estar atentos, sobre como as operadoras de saúde devem fazer a gestão de nossos dados de forma responsável, temos de manter o mínimo de noção em entender que não deve existir segredo no ato de partilhar qualquer informação, honestidade é primordial. Afinal, se hipoteticamente acontecer qualquer inconveniente, nós consumidores precisamos deter total conhecimento de como administrar o fato. Outra coisa essencial é que os planos de saúde ou a pessoa ligada a tal e que detém nossas informações, devem praticar em justificar a razão sobre o uso dos dados de forma clara, além, obviamente, estarem preparados juridicamente pra adquirir tais dados, devem ainda trabalharem com tecnologias e toda uma estrutura para lidarem com as informações obtidas. Por fim, as operadoras de planos de saúde devem tomar medidas para prevenir a violação dos parâmetros éticos da confidencialidade e privacidade de nossas informações.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.




 

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