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12/10/2019 às 08h15min - Atualizada em 12/10/2019 às 08h15min

Por que humanizar o tratamento no diagnóstico?

TÚLIO MENDHES

Quando o assunto diz respeito a diagnósticos severos e até sobre cuidados paliativos, muito lemos e ouvimos sobre a humanização no tratamento das doenças. Mas, o que presenciamos na aplicabilidade desse tema é a obsoleta percepção no integrar o real sentido da coisa. Ou seja, existe uma grave falha na concepção do “humanizar os mais diversos tipos de tratamento”. Em TCCs, artigos e afins, a eficácia da prática na humanização funciona super bem. Cheia de “frufrus” teóricos e técnicos levam a discussão ao ápice das fábulas terapêuticas. A dificuldade resume-se simplesmente em perpetrar o lema: “Cuidar de cada paciente e aprender com cada um deles, compreendendo suas singularidades”. Visto que de nada evolui estabelecer qualquer inovação se essa não consistir um plano de ação extensivo, que pondere as peculiaridades de cada sujeito.

Temos como exemplo o tratamento contra o câncer. É de conhecimento que há tempos os tumores eram divididos apenas de acordo com sua localização no corpo, limitando ilogicamente as possibilidades terapêuticas – isso quando havia meios de combater as ameaças. Então o que motivou a descoberta de novas possibilidades para o contra-ataque da doença? Ora, o que impeliu o debate a respeito, de certo modo foram as inspirações na produção de medicamentos mais ativos e determinantes contra a pluralidade dos tumores. Assim, quando foi possível vasculhar a fundo as células cancerosas e encontrar informações valiosas em cada gene alterado, qual o grau de agressividade, a probabilidade de se espalhar para outros órgãos etc, o especialista passou a escolher a medicação mais adequada, agindo especificamente sobre os pontos fracos de cada tumor. Nosso atual momento permite os médicos conhecerem tanto sobre as alterações genéticas e moleculares de cada abscesso, que logo conseguirão fazer uma abordagem terapêutica personalizada para cada paciente.

Portanto, elencando a evolução científica com a evolução na classificação da aplicabilidade “versus” insuficiência no tratamento, chegamos à discussão do: Por que humanizar o tratamento no diagnóstico, por exemplo, o de doenças graves? A resposta é simples. Porque antes da doença, existe um ser humano cheio de incertezas, ansiedade, aflições que precisa compartilhar esses sentimentos e consequentemente ter cada um deles respeitado – principalmente diante da reformulação dos inúmeros tratamentos que ininterruptamente surgem a cada dia.

Cito como exemplo a abordagem mantida pelo meu médico, Dr. Heleno Oliveira – Nefrologista RT da Unidade de Transplante Renal (UTR) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Foi ele que, num dos graves momentos que me encontrava cheio de medo, insegurança, me ensinou a confiar nele quando me disse: – “Tulinho, fica tranquilo, eu vou cuidar de você”. Caro leitor, o pronunciar do “EU VOU” associado ao verbo “CUIDAR”, fez toda a diferença para mim.

Mais que apenas apresentar um novo tratamento pra minha diagnose, o Dr. Heleno primou em me orientar, acalmar, despertar confiança, aliás, esse é o seu diferencial com suas centenas de pacientes. Para driblar os efeitos colaterais de tratamentos mais “agressivos”, como a hemodiálise e seus contratempos típicos, ele testa a melhor e mais eficaz combinação e esquema terapêutico que favoreça um alívio mais duradouro de acordo com a particularidade de cada paciente. É isso que a humanização no tratamento da doença e a classificação da aplicabilidade e insuficiência no tratamento propõem: a atenção cada vez maior com outras questões que mexem com o bem-estar, como o zelo com as questões nutricionais, o tratar a depressão, a reconstrução da autoestima de cada sujeito. Todo esse gesto ao redor do bem-estar do paciente não faz sentido sem a união de todos os setores envolvidos como a classe médica, equipes multiprofissionais. Tudo precisa estar muito bem alinhado para que o esquema terapêutico funcione da forma mais tranquila, digo, da forma mais humana possível.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.





 
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