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08/10/2019 às 16h29min - Atualizada em 08/10/2019 às 16h29min

O rádio chega à cidade 2

ANTÔNIO PEREIRA
Segundo se diz por aí, a primeira emissora de rádio instalada em Minas Gerais foi a Rádio Industrial de Juiz de Fora, que teria iniciado suas atividades a partir de primeiro de janeiro de 1926. Só que não há provas, nem o menor indício de ela ter existido naquele ano. A primeira documentada é a Rádio Mineira, de Belo Horizonte, que começou utilizando as antenas do serviço telegráfico da Rede Mineira de Viação. Seu prefixo era PRA-Q, depois mudado para PRC-7 e suas transmissões começaram em 1927. Por essa época nem se pensava em rádio na velha Uberabinha. A captação de som devia ser uma lástima. É possível que se ouvisse alguma estação estrangeira em ondas curtas. Não sei. Talvez nem aparelhos existissem. 

Pelos meados da década de 30 para a frente é que se pegam emissoras argentinas de dia, em ondas curtas, e, à noite, as nossas pioneiras, Record, Difusora de São Paulo, Transmissora, Rádio Club etc. Lá por 1937, começam as conversas sobre a instalação de rádio na cidade. Tanto que no Carnaval desse ano saiu um carro crítico representando a estação de rádio de Uberlândia que alguns empreendedores prometiam, mas em que a cidade não acreditava. E não saiu mesmo. A gorada “Sociedade Rádio de Uberlândia” tinha até o seu Diretor Geral que era o sr. João Alves Reis, que prometia a inauguração para setembro de 1937. Não saindo a rádio, a cidade se encheu do som dos alto falantes ambulantes e fixos. Os ambulantes eram de empresas que faziam propaganda de suas mercadorias. Salvo engano, o primeiro a aparecer era da Bayer, cujo locutor era um tal de Drumond. Depois veio a baratinha do Nicolau Ferez divulgando o Sal Tropeiro. O locutor tinha o apelido de Mojica. Os alto falantes fixos ficavam em cima da fachada do antigo Bar Antarctica, na avenida Afonso Pena. Os estúdios ficavam nos fundos da Braserie, esquina da mesma avenida com a rua América (Santos Dumont). Esses alto falantes faziam propaganda, tocavam música gravada e ao vivo na voz dos velhos seresteiros da cidade e se dirigiam ao público flutuante que circulava na avenida entre as ruas Goiás e Olegário Maciel. Ali se concentrava toda a vida cultural, social, econômica, política e folclórica da cidade. Apelidaram até o elitizado Bar da Mineira de “Bar do Enjeitei”, onde os garganteiros comentavam que haviam enjeitado fortunas por algum espécime bovino ou por suas terras. Até os crimes mais comentados aconteceram mais ou menos nesse pedaço de rua. 

Esse serviço de alto falantes, que era de propriedade do sr. Paulo de Castro, foi a escola de rádio da cidade. Seus primeiros locutores foram Adib Chueiri, Pedro Schwindt, Sebastião Benoni, José Rosa e outros. 

Lá, um belo dia, chegou a Uberlândia o industrial paulista Joaquim Mathos Penteado (Jota Mathos) com a intenção de instalar uma montadora de aparelhos de rádio. Para complementar e facilitar seu negócio principal, instalaria também uma emissora. Jota Mathos, cognome tipicamente radiofônico, tinha como preposto o sr. Aristides Figueiredo, que seria o gerente da emissora. Todo aquele pessoal dos alto falantes, mais o Oswaldo de Souza, foi recrutado e formou a nossa primeira geração de radialistas. 

A partir de julho de 1939, começou a sair propaganda na imprensa local do novo estabelecimento que se chamaria Rádio Difusora Brasileira de Uberlândia. Anunciava a sua breve inauguração, a instalação de seus escritórios à avenida Afonso Pena, 132 (era o prédio do Cine Avenida) e autorizava o sr. Cleanto Vieira Gonçalves a tomar publicidades. Seu técnico era o sr. Leonildo Cavalini Folli ajudado pelo jovem Alfredo Tucci. Quando foi no dia 28 de agosto de 1939, foi para o ar a primeira emissora de rádio de Uberlândia, a PRC-6, uma das pioneiras do país (entre as trinta primeiras – sucedida em 1998 pela Rádio Itatiaia). A equipe foi reforçada com a chegada de Ary Novaes Rocha, Geraldo Motta Baptista e alguns outros nomes valiosos na formação da radiofonia local. 

Fontes: Baía, Oswaldo de Souza, Alfredo Tucci, jornais da época, DO Minas Gerais) 
 

*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia. 
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