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27/09/2019 às 08h30min - Atualizada em 27/09/2019 às 08h30min

Amigo de mim mesmo

CELSO MACHADO

Gosto muito de conversar, inclusive comigo. Isto faz com que na maioria das vezes desligue o som do carro para poder prestar atenção no que estou pensando. E também para dar vazão a tagarelice mental que me ataca com frequência.

Nesses momentos viajo por uma diversidade de pensamentos misturando ideias com compromissos e tento organizar uma agenda para colocar em ordem as diferentes atividades que me aguardam.  Consigo viabilizar meus projetos, expandir minhas ideias para novas fronteiras, arregimentar outros parceiros.

Isto torna menos rotineiro o mesmo caminho que faço há anos e que consome em média 30 minutos em cada trajeto.
Mais do que isso não me aborreço quando o sinal fecha exatamente na minha vez de atravessar a rua ou quando uma circunstância qualquer provoca um congestionamento momentâneo.

E não me incomoda que a chegada ao destino me mostre uma realidade quase sempre oposta da minha viagem imaginária. Sem querer descobri um método para evitar aborrecimentos no trânsito. E também para utilizar um período de tempo de forma proveitosa e útil.

Faço isso também nas minhas atividades físicas matinais que incluem bicicleta e esteira. Nesses momentos exercito o corpo e também a mente viajando pelo mundo das ideias, dos projetos, dos sonhos. Claro que gosto de conversar com os outros. É sempre muito rico ouvir ideias, pensamentos, opiniões, informações, mas nem sempre isto é possível. Já conversar conosco depende exclusivamente de nós mesmos.

Mesmo sendo generoso comigo tenho o hábito de refletir sobre o desdobramento de minhas atitudes, colocações e iniciativas de forma crítica. Isso faz de mim, ao mesmo tempo, incentivador e cobrador de tudo que faço. Uma boa conversa conosco é uma maneira muito produtiva de refletirmos sobre os caminhos que estamos seguindo e o ritmo da caminhada que estamos implementando.

Porque muitas vezes nossa aparência passa uma imagem, mas só nós sabemos de verdade como estamos. O que nos aflige, motiva ou desafia. Pode parecer óbvio, mas não é fácil dedicarmos um tempo só para nós. Poucos momentos em nossas vidas temos essa oportunidade, por isso creio que não devemos desperdiçar dois que são os mais disponíveis: quando estamos guiando (isto quando estamos sozinhos) e antes de dormir.

Quando conversamos conosco criamos condições melhores de ficarmos mais atentos sobre nossa jornada. Para evitar conflitos, fugir de armadilhas, viver mais suavemente. E tem um ingrediente a mais: não tem discussão. O único problema é com pessoas que de tão acostumadas a brigar com as outras, não conseguem viver em harmonia consigo mesmas.

Como mencionei gosto muito de conversar com os outros. Até mesmo com quem não conheço. Adoro tanto ouvir quanto falar. Isto é que, descobre, faz e mantém amizades. Daí porque gosto tanto também de conversar comigo. Acho muito importante ser amigo de mim mesmo...

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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