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07/09/2019 às 08h00min - Atualizada em 07/09/2019 às 08h00min

Setembro amarelo ou o ano inteiro de conscientização?

TÚLIO MENDHES

O Setembro Amarelo chama a atenção para a prevenção ao suicídio. Infelizmente, a maioria das pessoas fala sobre o assunto apenas nesse mês. Um tema que PRECISA ser discutido todos os 365 dias do ano.

O suicídio é um fenômeno preocupante, multifacetado e de múltiplas deliberações, que pode afetar a sociedade independente de origens, classes sociais, idade, religião, orientação sexual ou identidade de gênero. CONTUDO o suicídio pode ser prevenido! Saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo pode ser o primeiro e mais importante passo. A depressão é uma das principais causas que levam a pessoa tentar ou consumar o suicídio. Já falamos sobre depressão aqui na coluna, estamos cientes de que ela pode ser desencadeada por eventos como problemas conjugais, uma relação amorosa infeliz, desentendimentos com os pais, bullying, a perda de um ente querido, perda de emprego, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, assédio moral no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, doenças crônicas, dolorosas ou incapacitantes, ou ainda uma múltipla combinação de eventos angustiantes podem ser considerados como determinantes para o suicídio. Não há uma “receita” para detectar seguramente quando a pessoa está vivenciando uma crise suicida ou tem algum tipo de tendência ao suicídio.

Enfim, pensamentos e sentimentos de intuir contra a própria vida podem ser insuportáveis e ser muito difícil saber o que fazer e como superar esses sentimentos. Por isso, fique atento, se a pessoa demonstrar comportamento associado ao quadro, procure ajudá-la. Se você acredita que alguém próximo está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Ou ainda, se você desconfiar de que alguém tem se comportado de modo que possa tentar contra a própria vida assegure-se de que essa pessoa não tenha acesso a meios para provocar a própria morte, por exemplo, veneno, armas de fogo, objetos perfurocortantes, medicamentos etc.

Enfrentar a morte significa considerar o desconhecido e o medo provocado pelas incertezas. Um medo universal. Entretanto, o suicídio vai além, fragmenta vidas, acarreta uma gama de sentimentos e apresenta situações distintas e delicadas. Temos que destruir esse tabu de se falar no assunto. Afinal, isso faz com que muitas pessoas que estão pensando em tirar suas próprias vidas ou que já tentaram suicídio não procurem ajuda e, por isso, não recebem o auxílio que necessitam.

Quando existe a consumação do suicídio, parentes, amigos e médicos podem se sentir culpados, envergonhados e com remorso por não terem evitado. Ficam os vários “e se?”. Falar das consequências da morte, enfrentar as perguntas sem respostas, as explicações sem comprovações, as ausências familiares e de amigos, o que se poderia ter sido feito?

Para evitarmos os “e se”?, temos ajuda disponível das mais diversas formas como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que é uma instituição voltada ao apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias. As ligações para o CVV são através do número 188 e são gratuitas a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.

O próprio Ministério da Saúde instituiu Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a serem implantadas em todo o país tornando as tentativas e o suicídio como agravos de notificação compulsória imediata, ou seja, indicando a necessidade de acionamento imediato da rede de atenção e proteção para a adoção de medidas adequadas a cada caso.

Ainda assim a prevenção está longe de ser tratada de forma adequada devido à falta de consciência do suicídio como um grave problema de saúde pública. Sensibilizar a comunidade e quebrar o tabu sobre o assunto devem ser ações importantes em todo o mundo, alcançando progressos na redução desse triste “comportamento”, pois suicídios são evitáveis.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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