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27/08/2019 às 08h23min - Atualizada em 27/08/2019 às 08h23min

Os primeiros habitantes do município

ANTONIO PEREIRA

Isto aqui era uma terra virgem com largas florestas e toda a raça de bichos do sertão brasileiro. Já tinha sido terra dos índios, os atrevidos Caiapós, expulsos violentamente (quem não correu, morreu) e esconderijo de negros fugidos dizimados impiedosamente. Mas essa gente não maculava a virgindade da natureza.

Lá um dia de 1818, bateu nas terras do futuro município de São Pedro de Uberabinha, o geralista João Pereira da Rocha. Vinha com intenção de ficar e enriquecer. Trouxe a mulher, dona Genoveva Alves de Rezende, filhos legítimos e naturais (Luiz, Francisco, Joaquim, Manoel, José, Maria Luíza, João, Zacarias, Mateus, Domingos e Joana). Enviuvando, casou-se com dona Francisca Alves Rabello, com quem teve a filha Francisca Alves Pereira.

Apossoou-se das terras das futuras fazendas São Francisco, do Salto e do Letreiro. Justificam-se os nomes: São Francisco, onde ficou morando, por ser o santo de sua devoção; do Salto porque incluía uma queda d’água do rio Uberaba Legítimo (hoje, Uberabinha) e Letreiro porque encontrou árvores com marcas meio apagadas de letras cravadas bem antes de sua chegada.

Não demorou muito e seu cunhado, José Alves de Rezende, abalou-se do vale do Paraopeba, região de onde tinha vindo o João, para também tomar terras devolutas no Sertão da Farinha Podre. Ficou com a fazenda do Monjolinho que recebeu esse nome por causa do monjolo que construiu e deixou funcionando enquanto esteve de volta ao Paraopeba de onde pretendia trazer a família. Só que não conseguiu convencer a esposa que demorou muitos anos para decidir-se a vir morar com o marido nos cafundós do sertão. José veio com o irmão Caetano Alves de Rezende.

Em seguida, vieram os Cabral de Menezes, da Vila de Formiga, de quem não há notícias muito claras. Sabe-se que, chegando aqui, também ficaram às margens do rio das Velhas, onde estavam as melhores terras. Chamou-se a sua sesmaria de Bebedouro por causa das águas salitradas procuradas pelos animais. Essa fazenda desdobrou-se. Uma grande área sua constituiu a Fazenda Sobradinho que recebeu esse nome por causa do rancho que os primeiros moradores ergueram sobre altas estacas para se protegerem da fauna feroz que rondava por ali. Parecia um sobradinho.

Ainda vieram, entre os pioneiros, Ricardo Gonzaga dos Santos, conhecido por Catoco, que ficou com a fazenda da Rocinha, ali pelas bandas de Tapuirama, e João Vermelho Bravo que se fixou na fazenda do Registro, não deixando rastro de sua passagem pelo município, nem descendentes.

E “em-vem” chegando mais gente: os irmãos Carrejo: Luiz, Antônio, Francisco e Felisberto – que determinaram um grande impulso na aproximação dos residentes na região. E mais: Camargo, Carvalho, Cotta Pacheco, Dias, Alves de Amorim, Martins, Ribeiro etc.
O núcleo populacional foi encorpando-se, desenvolvendo-se até transformar-se numa cidade. E que cidade!
 
Fonte: Cônego Pedro Pezzutti

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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