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15/08/2019 às 09h00min - Atualizada em 15/08/2019 às 09h00min

Felipe Melo e o brasileiro médio

TIAGO BESSA
No último domingo o Palmeiras enfrentou a equipe do Bahia em São Paulo, pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. Minha expectativa era de que o alviverde vencesse o tricolor baiano, ainda que não fosse um jogo fácil. O Palmeiras jogou melhor, atacou mais e levou mais perigo ao gol do Bahia, mas não foi o suficiente para alcançar a vitória. Mas o que chamou mais a atenção foi, mais uma vez, o comportamento do volante Felipe Melo, do Palmeiras.

Os mais pragmáticos argumentarão com números (o que é típico do brasileiro médio, inclusive): dirão que ele é o sexto melhor avaliado no elenco do time, que diminui bastante o número de faltas cometidas em 2019, que fez gols este ano etc. Então eu respondo com números também: desde sua volta ao Brasil, em 2017, já tomou 55 cartões; em 14 rodadas do Campeonato Brasileiro, já foi suspenso 3 vezes, prejudicando o time se levarmos em conta os números primeiramente apresentados, não é mesmo?

Mas percebo que o Felipe Melo é, para além de um jogador violento e impulsivo, um retrato muito fiel do brasileiro médio: posa de “chefe” de família exemplar; diz-se um cidadão de bem; tenta utilizar um vocabulário rebuscado sempre que dá entrevistas, mas tropeça em erros bizarros de concordância e até mesmo nos plurais de algumas palavras; não sabe diferenciar “raça” e disposição de violência e deslealdade; defende com unhas, dentes e, principalmente, porrada, seu “território” no campo de futebol; é capaz de cometer faltas explicitamente violentas e desnecessárias e, mesmo com todo o aparato de imagens do futebol moderno, tem a cara de pau de SEMPRE reclamar quando os árbitros assinalam falta e o punem com cartões.

Tal qual o clássico brasileiro médio, o Felipe Melo não assume seus erros e o quanto prejudica sua equipe sempre que comete seus excessos, transferindo sua culpa ao que ele afirma ser perseguição dos árbitros, da imprensa e dos adversários. O que ele fez com o jogador Lucca, do Bahia, na última rodada passou longe de ser uma dividida corriqueira do futebol. Foi agressão! E o brasileiro médio que torce para o Palmeiras aplaude essa truculência, justamente por confundi-la com “raça” e disposição. Assim como também aplaudem sempre que ele responde com grosseria às provocações/comentários de parte da imprensa, enchendo de orgulho o palmeirense médio.

E, a exemplo do que o Felipe Melo faz em um campo de futebol, assistimos à formação de relações sociais baseadas na supressão dos mais fracos, na culpabilização do outro, no uso de um vocabulário raso e enfadonho como tentativa de “gourmetizar” a ignorância, na exaltação da violência e da burrice.

E se você achou o texto de hoje recheado de “mi mi mi”, você acabou de descobrir que também é um brasileiro médio!


*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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