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11/08/2019 às 16h30min - Atualizada em 11/08/2019 às 16h30min

A preferencial

JOÃO BOSCO

Dias dos pais! Meio que reminiscente, sinto um apertozinho no coração. Não é pra menos. Lembrei-me de minha avó, um portuguesinha quase nata, coração enorme, cabeça redonda e cara chata. Tão expressiva ela era que a primeira parte da descrição até rimou — a segunda também: Vó Salica era toda nau, toda mel, toda azeite, toda pera, toda sardinha, toda vinho, toda cortiça, toda bacalhau. Evidentemente, na figuração, porque do que ela gostava mesmo era de fazer, além do caminhar, e fazia muito bem, era um frango caldeado, temperado apenas com salsinha alho e sal, servido com um refogado de taioba e o básico feijão-com-arroz. Ah! Como eu apreciava os causos da minha avó. Salica, coitada, morrera! Morrera sem conhecer a praga dessa doença chamada depressão. Morrera sem frequentar CLIs - Centros de Lazer para Idosos. Morrera sem conhecer esse eufemismo duvidoso designado de melhor idade. Em contraponto, Vivera! Vivera a família na qual efetivamente ela era a preferencial.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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