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31/07/2019 às 08h40min - Atualizada em 31/07/2019 às 08h40min

'La Casa de Papel'

KELSON VENÂNCIO
Foto: Divulgação

Quando terminou a primeira temporada de La Casa de Papel (que acabou sendo dividida em duas partes pela Netflix) escrevi em minha crítica naquela época que não achava necessária uma continuação já que os roteiristas conseguiram nos entregar um desfecho extremamente convincente, fechando com chave de ouro a história do roubo à casa da moeda da Espanha. Apesar de ter alguns capítulos para "encher linguiça", o resultado final de uma maneira geral foi muito satisfatório. Mas como tudo que é bom faz sucesso, gera audiência e lucro para os estúdios, nada melhor que criar uma nova história para as continuações. E foi o que aconteceu!

Desta vez os autores do grande assalto espanhol curtem a vida em lugares paradisíacos gastando o dinheiro que conseguiram quando um deles acaba sendo preso colocando a segurança de todo o grupo liderado pelo "professor" em risco. Com isso, os integrantes da quadrilha se reúnem novamente para mais uma missão: roubar o ouro escondido no Banco da Espanha. O plano, agora criado por Berlin, teoricamente é bem mais complicado do que o anterior. Mas todo esse risco na verdade é em função do resgate ao integrante que foi preso e está sendo torturado.

A princípio essa premissa parece até idiota já que o propósito de realizar um roubo muito mais arriscado é apenas salvar o companheiro pego pela polícia. Mas de certa forma, no primeiro capítulo, o professor nos dá uma explicação plausível. Sem contar que se não tivessem um motivo (bobo ou não) não teríamos outra temporada. Mas ao contrário da temporada anterior que teve 15 capítulos que nos contam detalhes sobre o plano e a execução do mesmo de uma forma bastante convincente, desta vez temos apenas oito episódios para algo bastante semelhante ao que já assistimos. Com isso, temos a impressão de que tudo é muito superficial e não tão inteligente como na primeira história.

A execução do roubo é cheia de falhas muito fáceis de serem percebidas pelo público. Como os ladrões mais procurados do mundo conseguem se infiltrar no meio do exército de cara limpa, usando apenas roupas militares, sem que ninguém os reconheça? Como couberam tantas pessoas dentro de um carro forte além do aparato usado por elas pra fazer o roubo, incluindo armas, roupas de mergulho com máscaras e cilindros de oxigênio, equipamentos médicos, fornalhas para dissolver o ouro e até uma espécie de tubo gigante que funciona como um túnel que dá acesso à sala com todo outro inundada por um sistema de segurança?

Outros detalhes no roteiro não me agradaram. É o caso de quando finalmente decidem soltar o Rio e ele termina com a Tokio poucos minutos depois de reencontrá-la. Foi ela quem insistiu com toda turma pra colocarem suas vidas em risco pra salvá-lo e ele simplesmente faz isso, no meio do roubo? Ainda bem que o Denver ajuda amenizar essa bobeira. Pra piorar ela fica extremamente bêbada no meio da execução do plano atrapalhando todo mundo e na cena seguinte, no momento da tentativa de invasão da polícia, ela já está muito sóbria indo inclusive para a linha de frente do confronto segurando uma bazuca, fazendo caras e bocas, ao lado do namoradinho.

Bom, são detalhes que não gostamos, mas que de uma forma geral não atrapalham tanto o conjunto da obra. Apesar de não ser tão bem elaborado como o plano da temporada anterior, o roubo é inteligente e consegue atrair o espectador. As interpretações de todo o elenco, inclusive dos novos personagens como Bogotá, Palermo e a inspetora Alicia Sierra, agradam e seguram as falhas no roteiro. E por fim ainda temos uma ótima trilha sonora e uma season finale de tirar o fôlego. O último episódio sem dúvida supera todos os anteriores e dá o gás que esta temporada não teve nos capítulos anteriores anos deixando loucos para assistir a próxima leva de episódios.

Nota 7

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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