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20/07/2019 às 08h00min - Atualizada em 20/07/2019 às 08h00min

Faixa de pedestre

JOÃO BOSCO
Eu, humano — como diria Nietzsche — demasiadamente humano, morro de medo da morte. Tanto é que abro mão da preferência que o pé na faixa de pedestre me dá. Meu irmão! Eu espero você passar. Eu fico aqui estacado a olhar para você e ciente de que você finge que não me vê. Eu, hein? Muitas vezes já saltei metros de faixa para não ser colhido pelo traseiro por um carro quando o sinal se abre. Incontáveis vezes, no meio da faixa, tive que correr em obediência ao ronco nervoso de motores. A faixa, meu irmão, é terra de ninguém, não tem autoridade e se ninguém não morre nela é porque ela não existe para ninguém, sacou? É um faz de conta. E a exceção que a legitima, invariavelmente é aturdido por uma buzina que pede passagem... Aqui em Udi, Os Porcas não posariam para uma câmera na faixa de pedestre como os Beatles pousaram em Liverpool para tirar aquela foto ontológica que foi capa do disco, Abbey Road. Naturalmente não. Demandaria uma reengenharia de trânsito.

*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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