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05/07/2019 às 08h31min - Atualizada em 05/07/2019 às 08h31min

Meus ídolos erram

CELSO MACHADO

Ídolo, no sentido figurado, que é a forma como denominamos aquela pessoa a quem tributamos grande admiração. Que reverenciamos, respeitamos e, às vezes, até mesmo se tornam referência. A colocação aqui é sobre figuras do nosso relacionamento, cuja conduta é um exemplo que nos inspira.

Tem virtudes notáveis, mas humanas que são, têm seus defeitos, suas limitações, suas falhas. No meu caso, o que as distingue é a capacidade que possuem de iniciativas e atitudes generosas em prol do bem coletivo. E no balanço de suas ações a clara predominância do positivo sobre o negativo.

Confesso que esse aspecto inclusive me estimula, porque situa o ídolo não como aquela figura inacessível, superiora e extraordinária, que tem poderes e força sobrenaturais, mas sim como alguém que é capaz de superar suas fraquezas e deficiências para ser útil e acrescentar algo valioso no meio em que vive.

Com isso penso que fazer o bem é acessível para todos, não algo destinado aos iluminados por dons incomuns. No futebol meus ídolos têm partidas que jogam mal, falham em lances bisonhos, erram pênalti. Na música, desafinam numa ou outra canção, escolhem uma letra inadequada, tomam partido por quem não tenho a menor simpatia.

Na política, adotam discursos inadequados, às vezes compõem com figuras impróprias, assumem posições infelizes. No mundo dos negócios não é diferente. Ídolos que admiro e reverencio cometem seus enganos e adotam atitudes equivocadas.

Mesmo assim continuam sendo meus ídolos, ainda que tenha e mantenha minhas críticas aos erros e falhas praticadas. Porque não é a perfeição que busco neles, é exatamente a capacidade de sendo imperfeitos, conseguir superar suas limitações para obter feitos admiráveis.

Não fico cego diante de seus equívocos, apenas não deixo que minha avaliação seja tomada por eles e não pelo que costumo chamar de “conjunto da obra”. Toda pessoa erra, falha, isso faz parte da natureza humana. O que torna para mim uma pessoa diferenciada não é ser imune aequívocos, mas conseguir um saldo altamente positivo em gestos, iniciativas e atitudes em prol do bem coletivo.

Meus ídolos erram, porque estão vivos e sujeitos as armadilhas da vida, mas o saldo de suas realizações é altamente favorável ao positivo, ao melhor, ao construtivo. Podem cometer desvios de caminhos, mas nunca de caráter. Erram sim e nem por isso deixam de ser meus ídolos, porque me inspiro no que fizeram e fazem de melhor e não nas suas eventuais falhas. E vou estar sempre acompanhando suas trajetórias e torcendo para que os acertos continuem predominando.


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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