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28/06/2019 às 08h24min - Atualizada em 28/06/2019 às 08h24min

A pátria de batom

CELSO MACHADO
Sempre gostei de futebol, desde criança. Herança do meu pai que era um apaixonado por esse esporte. Dele herdei também dois times do coração, frutos de sua origem lusitana, que há tempos não me dão alguma alegria: a hoje desaparecida e esquecida Portuguesa de Desportes e o tão adepto de uma lanterna, o Vasco da Gama.
 
Mais tarde incorporei as equipes que torço, o outrora glorioso “furacão verde da Mogiana”, o nosso Uberlândia Esporte Clube, que também há mais de 30 anos não tem sido capaz de proporcionar nada que pudesse manter viva essa paixão juvenil. Nem me lembro quando foi a última vez que estive no Parque do Sabiá para assistir um jogo do nosso “periquito”. Só sei que foi há mais de 15 anos.
 
Restou a seleção brasileira, que tantas alegrias me deu principalmente na copa de 2002 vencida na Alemanha. Só que essa mesma Alemanha no fatídico 7 a 1 fez esse encanto acabar. Depois disso costumo dizer que deixei de ser torcedor para continuar apenas admirador do futebol.
 
Gosto de ver um bom jogo, até mesmo dos times que tanto odiava Flamengo, Corinthians, Atlético, Cruzeiro, Boca Juniors e por aí afora. Como quem sabe apreciar um bom espetáculo, me encantam tantos jogos dos campeonatos pela Europa.
 
Recentemente aquela emoção de assistir os jogos do nosso selecionado, relegada para segundo plano depois da tragédia da Copa de 2014, que pensei até tivesse acabado, reacendeu. E não foi pelos craques da moda: Neymar, Daniel Alves, Gabriel Jesus etc. Mas sim pela equipe da Martha, Cristiane, Formiga, Debinha e outras menos conhecidas.
 
Deu gosto assistir aos jogos do selecionado feminino. Pelo talento, pelo espírito coletivo, pela vontade de superar desafios e conquistar merecido reconhecimento. Ver jogadoras veteranas correndo como jovens, mas sem firulas nem cortes de cabelos apelativos. Muito bom ver um time que representa o Brasil sem jogador caindo todo momento, fazendo jogadas para olheiros e empresários, querendo aparecer individualmente, pouco lixando com o coletivo e principalmente com a torcida.
 
No final de semana passada não me empolgou em nada a vitória do time masculino de 5 sobre o Peru, me encantou a atuação das meninas na derrota para a anfitriã, França. Elas conquistaram o respeito que merecem e certamente vão ter a devida valorização.
 
Pena que Uberlândia que sediou um torneio sul americano durante a gestão Ferolla, lotando o Parque do Sabiá em todos os jogos não tenha aproveitado disso para se tornar uma cidade referencia no futebol feminino. E olha que nossas vizinhas Araguari e Uberaba foram pioneiras nele.
 
Deu gosto, como há tempos não sentia, ver nosso selecionado feminino em campo. Não pude deixar de lembrar da famosa frase do notável Nelson Rodrigues: “a seleção de futebol do Brasil é a pátria de chuteiras”. E fiquei imaginando que vivo estivesse, certamente teria acrescentado vendo o jogo do Brasil contra a França: “de chuteiras, mas de batom”.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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