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15/05/2019 às 08h29min - Atualizada em 15/05/2019 às 08h29min

'O Doutrinador'

KELSON VENÂNCIO
(Divulgação)
Depois de muita expectativa de finalmente ver o cinema nacional adaptando uma história em quadrinhos brasileira, assistimos “O Doutrinador”. A obra de Luciano Cunha foi levada para as telonas com o roteiro de Gabriel Wainer, que até nos escreveu uma boa premissa.

Miguel é um agente federal da "D.A.E." ("Divisão Armada Especial"), altamente treinado e perito em armas. Após experimentar um trauma, ele parte para uma jornada pessoal de vingança, assume a identidade de um vigilante mascarado. O "Doutrinador" resolve fazer justiça com as próprias mãos exterminando políticos e donos de empreiteiras corruptos. Agora, seu maior objetivo é combater uma quadrilha de políticos e bandidos que tomaram a frente da política brasileira e passaram a governar o país pensando apenas em seus próprios interesses.

O roteiro nos traz uma história parecida com que a que estamos acostumados a ver em muitas tramas de super-heróis internacionais, como o próprio Justiceiro da Marvel. Porém, no caso de "O Doutrinador" os grandes vilões da história são os políticos corruptos que aproveitam da população para se enriquecerem. Miguel, cansado do sistema, resolve fazer justiça com as próprias mãos.

Num primeiro momento essa trama funciona bem, mas com o desenrolar da história ela fica cansativa já que por mais que a política seja um tema interessante, ela não se torna atrativa como antagonista da narrativa. É como se o Batman não lutasse contra o Coringa, Bane, Pinguim e outros e sim apenas contra o sistema que governa Gotham. Mesmo sendo imparcial nesta área melindrosa, Gabriel Wainer tropeça nesse tema que ao longo da projeção fica desinteressante.

Por outro lado, nos aspectos técnicos, “O Doutrinador” é um bom filme. As coreografias de lutas são inovadoras e talvez as melhores já vistas no cinema brasileiro. A direção é consistente e a fotografia convence tanto que em alguns momentos o público até confunde o herói brasileiro com os gringos que estamos acostumados a ver, especialmente quando o Doutrinador aparece nas coberturas dos prédios com a cidade ao fundo. A edição e a trilha sonora também são boas.

A atuação de todo o elenco também não deixa a desejar, especialmente de Kiko Possolato como o personagem principal. Mas nem mesmo as interpretações e a técnica conseguem salvar a trama. A construção do justiceiro brasileiro é feita a "toque de caixa". Parece que o agente Miguel já nasceu para ser o herói mascarado. Nem mesmo a origem do nome do "vigilante" é bem explorado.

O filme não é ruim, mas fica aquele gostinho de "quero mais". Para quem torcia muito para que essa adaptação desse certo nos cinemas, fica a sensação de que poderiam ter feito melhor. Mas vale a pena assistir.


Nota 6


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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