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11/05/2019 às 08h00min - Atualizada em 11/05/2019 às 08h00min

Síndrome do Pânico – Parte 2

TÚLIO MENDHES
No primeiro texto, falamos sobre “Síndrome do Pânico”. Concluí a edição citando os sintomas do transtorno, aconselhando a procura de ajuda médica e prometendo dar continuidade ao assunto. Pois bem. Comecemos retomando o tema: Sintomas. Um ataque de pânico inclui pelo menos quatro dos seguintes sintomas: Medo de ter medo, dor ou desconforto no peito que podem ser confundidos com os sinais do infarto, adormecimento ou formigamentos, sentimentos de irrealidade, náuseas, sensação de falta de ar, espasmos involuntários, calafrios ou ondas de calor, medo de perder o controle ou medo de morrer. Normalmente uma crise dura entre 10 a 20 minutos, contudo, depende da intensidade da crise e de paciente pra paciente. Existem casos de crise que duram uma hora ou mais. É extremamente importante que o paciente tenha plena noção do que é e como ela funciona. Afinal, quando se tem conhecimento ou “domínio” do assunto, consegue-se administrar com mais segurança o momento da “crise”.

Outro ponto importante é descartar problemas de saúde que podem confundir por parecerem com os sintomas do pânico. Assim, é substancialmente indicado manter um “checkup” – bateria de exames – regularmente, descartando qualquer problema fisiológico, metabólico etc. Com o corpo equilibrado e a informação da não existência de nenhum problema de saúde que culmine o momento da crise, fica mais fácil compreender e entender quem convive com a síndrome. Por exemplo, mulheres que geralmente foram abusadas sexualmente durante a infância, perderam os pais precocemente, foram expulsas de casa ao engravidarem, enfim situações extremas de traumas que, por sua vez discernem a origem dos chamados “gatilhos” que ativam os ataques de pânico. Estima-se que 3% dos brasileiros experimentem pelo menos um episódio por ano.

Pra melhor compreensão, esses gatilhos significam os medos que afligem o paciente. Por exemplo, medo de sentir medo, de ficar sozinho e passar mal, medo de viajar de avião, de presenciar brigas, medo de multidões, medo de ter crise de pânico e não ter nenhuma pessoa próxima pra socorrer, tem ainda o medo de enlouquecer, de dirigir etc. Os episódios de pânico alteram o comportamento com a família, amigos, no trabalho, na escola/faculdade, nos relacionamentos amorosos, o pânico pode interferir inclusive no comportamento sexual, afinal o aumento da frequência cardíaca causa a impressão de perda de controle.

Bom, já que sabemos quais são alguns dos sintomas e o que podem “ativá-los”, resta-nos ter noção sobre os tratamentos oferecidos aos pacientes que lidam com síndrome do pânico. Particularmente acredito que o primeiro passo é a psicoterapia. Faço terapia há anos e confesso a você que o jeito de lidar com o pânico melhorou bastante. Na verdade eu acredito que todo mundo deveria fazer terapia. Obviamente que a eficácia da psicoterapia varia entre pacientes. Existem casos em que o psicólogo/psiquiatra recomenda a intervenção de uma equipe multidisciplinar, administrando medicações e reforçando o processo da terapia. Tratamentos complementares como abster-se do cigarro, álcool, cafeína, prática de atividade física, meditação, ioga, manter um sono adequado, ajudam e muito. A manutenção constante e adequada do tratamento faz com que os sintomas sejam subtraídos, ou seja, auxiliam na superação dos traumas que são evitados justamente pelo medo das crises. Com o tratamento indicado pelo médico, esforço e dedicação os sintomas tendem a diminuir com o passar do tempo.

É bom deixar bem claro que sofrer de pânico não é loucura, muito menos "frescura". JAMAIS diga a uma pessoa que apresenta sintomas de pânico que é fraqueza dela ou que ela não tem nada demais, mas que momentaneamente encontra-se doente e precisa de ajuda. Jamais indique medicamentos por conta própria ou por experiências dos outros. É IMPRESCINDÍVEL consultar um psiquiatra para saber qual o tratamento mais indicado para cada caso.

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