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11/04/2019 às 08h24min - Atualizada em 11/04/2019 às 08h24min

A desumanização do futebol

TIAGO BESSA
O Verdão classificado para as semifinais do Módulo II, o CAP com chances reais de passar, então vou abordar algo que vem me incomodando há algum tempo. "Árbitro assistente de vídeo" ou, em inglês, Video Assistant Referee, ele mesmo - o VAR! Desde quando essa incrível inovação passou a ser utilizada no futebol profissional (nossa, como ninguém teve essa ideia antes?), muitas polêmicas e muitas discussões vêm sendo empreendidas nas "resenhas" televisivas, em colunas esportivas e nas rodas de conversa informais.

Aparentemente (e talvez até seja isto mesmo) o VAR foi concebido para minimizar as injustiças criadas pelos erros de arbitragem nos placares finais dos jogos. Parece também levar a cabo a máfia das apostas esportivas, que todos sabemos que existe e que até hoje faz seu time ser ou não campeão de alguma coisa. Com essa dádiva tecnológica, quase não teremos mais a interferência do erro e/ou da má-fé, certo? Bom, não estou muito certo disso! Ainda há lances interpretativos e, principalmente, a vaidade de quem recebe a incumbência de tomar a decisão final sobre um lance e, portanto, tem a autoridade travestida de apito.

Ah, a vaidade! Quão prazeroso é ter um pouco de poder nas mãos, decidir sobre os caminhos alheios, principalmente quando os atingidos ultrapassam as quatro linhas e se tornam milhões de torcedores! Vaidade que não conhece o erro, pois só erra quem tem o mínimo de moralidade e age com um pouco da ética que aprendeu em algum momento da vida. Só erra quem carrega um pouco de honestidade em alguns de seus neurônios e uma sobra de vergonha na face que, às vezes, ainda se enrubesce.

Mas o que mais me incomoda é a tentativa inútil e hipócrita de evitar o erro humano. Há poucas coisas tão humanas quanto o erro! Não o oriundo da presunção ou da vaidade, mas o da inocência, o do "não vi direito, mas tenho que tomar uma decisão aqui e agora!". O erro que já prejudicou/beneficiou tantos times, mas que É HUMANO e não há tecnologia que extirpe! Se dos 19 (sim, dezenove!) tipos de decisões passíveis de revisão por meio do VAR, alguns ainda continuam dependentes de interpretação como, por exemplo, a ocorrência ou não de faltas e pênaltis, então a quem REALMENTE interessa o VAR?

Reparei, nos últimos jogos que assisti pela televisão, que o VAR tem patrocinador. Achei muito esquisito que uma empresa privada, cujos interesses estão implícitos no fato de "ser empresa", patrocine algo que deveria estar totalmente isento de qualquer interesse, principalmente quando ligado à ética.

Estamos nos desumanizando!
 
 

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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