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28/03/2019 às 09h43min - Atualizada em 28/03/2019 às 09h43min

A pedanTite e o futebol fantasma

TIAGO BESSA
Hoje não falarei do Verdão nem do CAP nesta coluna. Eles, cada um a seu modo, vão bem, obrigado! É que os amistosos da seleção brasileira de futebol me chamaram mais a atenção por esses dias. A seleção brasileira do não-futebol, na verdade. Especialmente no amistoso contra o Panamá (e não quero aqui fazer piadinhas de troça ao futebol panamenho), esse apanhado de jogadores "estrangeiros" deixou muito claro, sob a tutela do Tite, que nosso futebol tem se tornado um fantasma, um ente invisível com lampejos de aparições.

Às vezes ouço dos meus alunos que parei no tempo, que não evoluí para entender o futebol que eles denominam "moderno", mas discordo radicalmente. Isso de "futebol moderno" é um papo que ouço desde aquele Palmeiras/Parmalat do Tio Luxa, com toque de bola envolvente, valorização das habilidades individuais, busca incessante pelo gol e, principalmente, um material humano (expressão que acho horrorosa) excepcional. Craques, naquele momento e até meados dos anos 2000, eram comumente vistos andando sobre as terras do planeta futebol, e mesmo em times de menor expressão dava gosto assistir a alguns jogos.

Ali já começava uma grande preocupação com o preparo físico, os limites do rendimento de cada atleta, o desgaste em cada jogo e a recuperação física para a rodada vindoura. Porém, com o tempo o que entendíamos como "jogador de futebol" (veja: JOGADOR!) começou a dar espaço para atletas, simplesmente, e, então, passamos a enxergar como verdadeiros extraterrestres os raros craques que têm aparecido. E é claro que isso torna o futebol cada vez menos interessante, extremamente padronizado (inclusive as comemorações de títulos) e claramente uma fábrica de robôs e lucratividade (ponto!).

Os técnicos, então, começam a ficar perdidos e precisam tirar o melhor do que têm à disposição em elencos que mais parecem uma paródia malfeita da Escolinha do Professor Raimundo. Não são jogadores, mas atletas-personagem, com o corte de cabelo da moda, a chuteira cafona do momento e o desejo doentio de saírem do Brasil a qualquer custo e para qualquer lugar. De repente, o Tite aparece com aquela risadinha do sábio tranquilão, aquele olhar de vendedor de enciclopédia (lembra?), e solta as mais bizarras pérolas de um vocabulário só dele para explicar a decadência que, deixo claro, acomete o futebol mundial. O pedantismo do Tite parece um artifício proposital para esconder a decadência que não conseguimos aceitar, mal-acostumados que somos com nossa história no futebol.

O futebol virou um episódio de alguma série ruim do Netflix!
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