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01/03/2019 às 09h32min - Atualizada em 01/03/2019 às 09h32min

O alerta do zumbido

CELSO MACHADO
Pelo que eu me lembro nunca fui chegado a barulho. Nem mesmo na juventude em que era comum os escapamentos abertos dos carros para chamar atenção. Evidente que tinha que frequentar ambientes nos quais o som alcançava literalmente as alturas. O fato de ter exercido a direção social do Praia Clube em várias gestões me obrigava a ter que conviver com isso. Mesmo assim procurava orientar que o volume fosse o mais educado possível.

Recordo que principalmente no Carnaval com o ginásio totalmente lotado o som deixava a gente até meio atordoado. Não foram poucas as vezes que chegava em casa e demorava a dormir com o zumbido que permanecia nos ouvidos.

À medida que os anos foram passando, a tolerância foi diminuindo. Hoje não só detesto como evito ambientes excessivamente barulhentos. Pode parecer implicância e talvez seja, mas o problema é que isso é verdade, quando estou exposto a níveis de ruídos excessivos, ainda que em alguns casos tente permanecer no local, não consigo. Não demora muito, tenho que sair. É como se meus ouvidos, e não apenas o pulmão, sintam necessidade de respirar.

Hoje com a facilidade das informações disponíveis na internet procurei saber mais do assunto. Se essa aversão minha é frescura ou tem fundamento lógico. O pouco que li deu fundamento à minha aversão. Som excessivamente alto pode levar a perda de audição e até mesmo problemas cardíacos. Ou seja, não são apenas nossos ouvidos que se sentem agredidos, nosso coração também.

Parei a pesquisa para não aumentar ainda mais minha intolerância a barulho. De uma forma ou de outra temos que conviver com ele. Viver é conviver com a zoeira onipresente. Mas faço de tudo para que quando isso acontece, seja o mais rápido possível.

Fico imaginando que maravilha vai ser quando a indústria fizer secador de cabelo, liquidificador, os famigerados sopradores de folha e roçadeiras silenciosos. Aliás sobre estes últimos tem um fator que me intriga: porque quem opera esses aparelhos tem que usar fone protetor de ouvido e nós que estamos expostos a mesma zueira não recebemos o mesmo tratamento?

Claro que essa impaciência também tem a ver com a idade. A medida que o tempo passa vamos ficando mais seletivos, evitando o que nos causa desconforto, desviando de encrencas, apreciando mais a harmonia, a tranquilidade e o sossego. Deve ser por isso que nos meus finais de semana sempre dedico um bom tempo para apreciar um som que a cada dia me encanta mais, o do silêncio.

De sentir e perceber ruídos fascinantes como do movimento das águas, do sussurro do vento nas folhas, do canto dos pássaros, da paz e calma que a quietude nos proporciona. Do pouco que aprendi sobre o assunto e que atrevo a compartilhar é que zumbindo em ouvido é sinal de alerta. De que não é só nossa paciência que está nos limites, os ouvidos também...
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