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05/02/2019 às 08h09min - Atualizada em 05/02/2019 às 08h09min

O país sem educação!

CARLA APARECIDA DE OLIVEIRA JAGER | PROFESSORA
Vivemos em uma nação cujos valores distorcidos estão refletindo em todas as partes. Temos a pior educação programática dos últimos tempos. No último ranking divulgado da educação mundial, conseguimos ficar atrás de países como a Etiópia. Parabéns, Brasil!

Professores sem nenhuma valorização: o salário base de Minas Gerais é de: R$ 2.135,00, com um convênio médico (Ipsemg) em que os profissionais ficam meses na fila aguardando exames e consultas e fim. Para um professor sobreviver é necessário trabalhar em pelo menos dois lugares, dois cargos, muitas vezes em séries diferentes. Em qual horário esse professor estuda e atualiza seus conhecimentos?

Vamos seguir aqui a receita para um índice tão desastroso na educação pública.
Separe os seguintes ingredientes:
  • Infraestrutura: prédios antigos, sem reformas, com péssimas manutenções
  • Material didático ultrapassando, com matéria resumida,
  • Sem tecnologia
  • Carga horária infinitamente menor do que a particular
Juntando todos esses ingredientes, colocamos na tigela e adicionamos:
  • Professor sem compromisso: ele já está efetivado e usa somente o livro didático em sala de aula, passa a maior parte do tempo falando de si, não se preocupa em despertar nos alunos o raciocínio, a curiosidade, a vontade de superar obstáculos
  • Professor designado: em sua maioria, esse professor estará na escola por pouco tempo, já pegou o ano letivo andando e como ele quer apenas receber seu salário, não se importa com a defasagem de conteúdo, muito menos com a falta de disciplina em sala de aula. Há muitos professores designados que são excelentes, contudo, não conseguem dar seguimento ao trabalho
  • Professor doutrinador: esse passa a aula inteira falando de suas concepções políticas, não desenvolve no aluno a capacidade de leitura crítica, fica o tempo todo falando de política e sempre expõe o seu ponto de vista
Já até poderíamos colocar o tabuleiro no forno e começar a assar o bolo, mas a situação se complica quando analisamos a postura da família da maioria dos alunos de escolas públicas:
  • A família não aparece na escola, salvo em dias de matrículas ou quando o aluno é reprovado
  • Estão desestruturadas: Envolvimento com drogas ilícitas e tráfico
  • Acreditam que o erro está na instituição e não no seu filho
  • Alunos envolvidos com drogas, tráfico e outros delitos
O fermento de tudo isso: diretores ruins. A escola pública será excelente, se tiver excelentes diretores. Misture tudo em uma grande forma, coloque para assar. O resultado é um bolo monstro: sem cor, sem sabor. É necessário reavaliar os conceitos de família, de professores, de escola. O professor tem que ser melhor remunerado e com urgência, afinal, ele forma todas as outras profissões. Também é necessário realizar avaliação de todos os professores: concursados e designados. A escola não pode ser depósito de recebedores de salários.

A família precisa se reestruturar. Não importa se é uma família homossexual ou heterossexual, sexualidade não define caráter. O governo precisa encontrar uma forma de reerguer a escola pública. E sinceramente, há muitos ingredientes a serem adicionados e outros a serem retirados, mas é necessário vontade e coragem.



*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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