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20/12/2018 às 09h12min - Atualizada em 20/12/2018 às 09h12min

Conservadorismo à brasileira

JOÃO BATISTA DOMINGUES FILHO | CIENTISTA POLÍTICO
Guinada conservadora mundial começou a partir de 1980 com os governos de Margareth Thatcher no Reino Unido e de Ronald Reagan nos Estados Unidos, iniciando o declínio da democracia eleitoral. Os povos democráticos, desde então, perderam a confiança na Democracia, geradora do baixo crescimento, instabilidade financeira e o constante aumento da desigualdade. Reformas sem fim não conseguem aumentar o investimento e impedirem a redução dos salários. Eis o “capitalismo rentista-financista”. E o Brasil? A maioria dos brasileiros se sente sem “eira”, nem “beira. Brasileiros frente à crise política-econômica que vivencia, corroendo a confiança interpessoal, gerando na população medo, raiva, intolerância, ansiedade, em função de que não há “espaço público” capaz de possibilitar o debate, o esclarecimento recíproco, a troca de opiniões sobre assuntos de interesse comum. Daí resulta o mantra da maioria: às favas as instituições democráticas, cujo líder é o capitão-presidente, vitorioso, com sua apoteótica bandeira da extinção do sistema político brasileiro. Atende plenamente seus eleitores conservadores e antidemocráticos, o mantém seu líder no modo “passeata”: sempre aplaudido freneticamente sem cessar, por onde passa.

Espetáculo bizarro da nossa elite política-econômica em seu esmero no beija-mão do capitão-presidente, apostando em seu sucesso. Não há razões para otimismo. Não há nada que não possa piorar. Não há fundo do poço para o Brasil. O cenário político é desalentador. O despreparo de Bolsonaro e de sua trupe só faz agravar tudo, porque só oferece a promessa de extinguir esse “sistema” que impossibilita o Brasil realizar suas potencialidades sócio-econômicas. Conteúdo programático de como se dará a extinção do “sistema”: Silêncio. Presidente Bolsonaro não precisa apresentar nada do que vai executar: programas, ideias e ideais. Passivamente e bestializados a maioria, seja rico ou pobre, tem a certeza que o capitão-presidente vai entregar tudo que cada um imagina para ser seus direitos, sem se comprometer com nenhum dever com os custos do quê receberá. Eis o projeto conservador à brasileira do Bolsonaro: é nebuloso, para não dizer inexistente. Terceirizou o quê fazer para seus ministros-celebridades Paulo Guedes e Sérgio Moro, os quais também seguem o líder: não oferecem nada de concreto do que irão executar. Para o deleite da massa ignara que saltitante aplaudem tudo que advém do capitão-presidente, recebe o “brioche”: tudo está sendo “desenhado e redesenhado” para atender à maioria dos brasileiros. O que não falta é a “empáfia assertiva” de que tudo será um sucesso daqui para frente no reino da fantasia criado pelo capitão-presidente. Fernando Limong (Valor,17-12,A8) diz do PSL, partido do Presidente eleito: é a “institucionalização da cotovelada e do xingamento”.

Paulo Guedes (Piauí/setembro) diz que seu capitão-presidente é “um sujeito completamente tosco, bruto”, acreditando que a Presidência o transformará em um “outro animal”. Outros acreditam que as instituições democráticas farão o serviço de adestramento do dito “outro animal”. Marcos Nobre (Piauí/dezembro) crava que “a sociedade e o Estado serão vítimas de uma barbarização conservadora, de uma selvageria política legitimada pelo voto. Trata-se, agora, de governar para uma base social e eleitoral suficiente para sustentar um governo: 30% ou 40% do eleitorado”. O resto é o “sistema”: “tudo que não é Ele e não está do seu lado.

Feliz Natal, leitores!!!


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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