Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
10/12/2018 às 08h31min - Atualizada em 10/12/2018 às 08h31min

PIB: O crescimento possível!

ANTÔNIO CARLOS
Ao final do ano passado, comentamos neste espaço sobre os prospectos de crescimento econômico para 2018, com uma possível retomada do PIB e melhoras nas taxas de juros e na inflação. Entretanto, o que a nação brasileira vivenciou no ano que se sucedeu foi a continuidade do ambiente instável que têm tomado conta do Brasil desde 2016. Mas, qual o fator responsável pela morte desses prospectos tão frutíferos?

Antes de discutirmos sobre isso, é preciso que entendamos mais sobre o que falamos quando a pauta é o desenvolvimento econômico. Um dos termos protagonistas nessas discussões é o PIB, sigla para Produto Interno Bruto. Ele representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos num país durante um determinado período. Por ter a necessidade de ser analisado sob múltiplas perspectivas, o PIB é diferenciado entre “nominal” e “real”. Enquanto o primeiro representa o valor do PIB calculado a preços correntes, o PIB real é calculado a preços constantes, eliminando o efeito da inflação.

Além do PIB, outra sigla muito importante na análise do desenvolvimento econômico de um país é o PNB, o Produto Nacional Bruto. Ele difere do PIB por englobar a renda líquida enviada ao exterior (RLEE), que é desconsiderada no cálculo do PIB e considerada no cálculo do PNB, que é gerado a partir da soma do PIB mais entradas e saídas de capital.

Nesse contexto, existe ainda o PIB per capita, que nada mais é do que o valor do PIB dividido pela população do país, obtendo um valor médio per capita. O valor per capita é um indicador comumente utilizado para analisar a qualidade de vida em um país. Alguns economistas, contudo, consideram o PIB per capita como um índice socioeconômico “inexato”, já que desconsidera a desigualdade na distribuição de renda. Por isso, outros índices têm sido utilizados para medir a qualidade de vida para a população, como o Coeficiente de Gini ou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Retomando as promessas do ano de 2018 para o crescimento econômico brasileiro, é fato que o atual governo não soube “surfar” na onda de altas que atravessaram as economias de grande e médio porte. Inúmeros fatores contribuíram para esta baixa, mas dentre os principais estão a instabilidade política e a desvalorização do real diante do dólar. Contudo, o espectro da retomada da economia ainda paira sobre a nação, e especialistas afirmam que o PIB potencial do Brasil está em torno de 2%, e um possível salto para 3% só deve se concretizar por meio de reformas fiscais e da expansão de investimentos em infraestrutura.

Os desafios do próximo governo do país, além de implementar as medidas citadas anteriormente, consistem majoritariamente em superar os demais entraves ao crescimento brasileiro, como a inflação elevada, os juros altos, os gastos públicos descontrolados – a Câmara dos Deputados, inclusive, aprovou ontem uma espécie de “relaxamento” para aos prefeitos de municípios que não têm cumprido com os requisitos da Lei de Responsabilidade Fiscal –, a carga tributária elevada e sua estrutura complexa, os baixos níveis de investimento, a deficiência em infraestrutura e a burocracia desnecessária.

Os males que já nos são familiares no dia a dia também fazem parte desta série de entraves, como a educação defasada, a corrupção sistêmica e o comércio exterior restrito. Esses males demonstram que é necessário, mais do que nunca, pensarmos – e, é claro, cobrarmos de nosso técnico e sua “Seleção” – a reestruturação do Estado. É hora de deixarmos de ser um time retranqueiro para partirmos para o ataque.

O ano de 2018 não começou como o prometido. A retomada que se desenhou no ano passado, que já se demonstrava fraca, perdeu o fôlego com a “xepa” do governo atual e provocou uma onda de revisões para os próximos anos. De maneira geral, é possível afirmarmos que as expectativas frustradas podem ajudar o próximo governo a concretizar as tão sonhadas metas econômicas. A essa altura do campeonato, todos têm a receita para o crescimento sustentável, mas será que o governo e a sociedade estão dispostos a pagar o preço?

Pensando estrategicamente, com a economia "patinando" e crescendo por três anos ao redor de 1% a 2%, o chamado "PIB potencial" encontra-se cada vez mais limitado, ou seja, a possibilidade de o Brasil crescer sem gerar desequilíbrios está altamente comprometida – e nossa economia, estagnada. O futuro governo precisa ter em mente a necessidade de reestabelecermos uma agenda pró-produtividade, com uma agenda de curto e longo prazo.

É preciso que a sociedade brasileira entenda, de uma vez por todas, que precisamos engajar todas as esferas governamentais num processo de mudança que vise aproveitar as nossas potencialidades enquanto país. Só então poderemos alcançar de vez uma posição entre as nações desenvolvidas – do contrário, estaremos fadados a uma posição secundária de nação terceiro-mundista, repetindo ciclicamente os altos e baixos do bem-estar social tão almejado por todos nós.
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90