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26/11/2018 às 09h05min - Atualizada em 26/11/2018 às 09h05min

Um dia de cada vez

KELLY BASTOS (DUDI)
Não sei vocês, mas eu pisquei e já é dezembro. Nossa, quase me deu ansiedade. Ou será desânimo? Bateu a sensação de que estou me repetindo e que vou chegar ao final do ano cheia de coisinhas para fazer. Me dei conta de que a lista de resoluções, planos e tarefas está dividida, muitas vezes, em “segunda, eu começo”, “depois da Copa” e “talvez um dia”.

A gente se impõe tanta coisa que não faz, às vezes, nem o básico. E, de repente, os 12 meses do ano parecem durar nove. Todos os dias, as horas nos engolem. Olhamos no relógio e já são 11h; de repente, 15h. Minutos depois e já são 18h45. Meu Deus, não fiz nada ainda. Pelo menos essa é a sensação. Aí a gente pensa: preciso de mais minutos nas minhas horas, mais horas no meu dia, mais dias nos meus meses, mais meses nos meus anos. Mais tempo na minha vida. Até que a gente percebe que o que falta mesmo é ter uma vida para viver.

Não dá para fazer mágica. Chega uma hora que é preciso ser realista até quando sonhamos. E talvez o que esteja errado seja o tamanho dos nossos desejos. Fazemos uma lista interminável de metas e colocamos na cabeça que só assim poderemos descansar. Mas será que sem a lista não dá para descansar? Falta mesmo tanta coisa ou só entrei nessa centrífuga e deixei a vida sugar? Talvez a gente só esteja se tornando um estereótipo porque o mundo exige assim.

A maioria à nossa volta convive melhor e é mais solidária se a vida alheia é mais miserável. Já repararam? Experimente demonstrar felicidade todos os dias. Quase ninguém vai gostar. Mas vamos lá! A gente faz mil planos, mas nunca estabelece o que é necessidade e o que é supérfluo. Pense: o que eu realmente posso mudar? Passamos muito tempo fazendo coisas que muitas vezes não gostamos tanto, para impressionar.

Não adianta reclamar e continuar no piloto automático. Se a gente não começar a viver a vida que queremos, vamos continuar vivendo a vida que alguém pensou por nós: o chefe, a amiga, o personal trainer, a nutricionista, o marido, os filhos. Você cai no conto do glúten e do laticínio, mas descobre que é mais feliz comendo pizza domingo à noite no sofá. Detesta UFC, boxe e telecatch, mas o personal quer convencê-la de que muay thai é a pílula mágica do emagrecimento. A melhor amiga só quer o seu bem, desde que você faça do jeito dela. Todos os chefes vão elogiá-la, mas sempre pensando que você deveria agradecer por estar ali 12 horas por dia. E os que acreditam em horóscopo? Acreditam mais nele do que em si próprio. Conheço amigas que já desmarcaram entrevista de trabalho, ou deixaram de fazer alguma coisa, porque estava escrito que naquele mês estava tudo do avesso.

Então, agora que final de ano chegou, vamos diminuir a pressão e não enlouquecer porque ainda não entramos nas calças 34 ou não fomos promovidas? Melhor focar no lado mais simples da vida! Parece pouco mas é muito. Viver melhor e ser mais feliz não requer uma mudança tão radical quanto a gente pensa. Vamos começar pelo básico, e depois a gente complica. Mas só um pouco, tá?
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