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15/05/2018 às 10h01min - Atualizada em 15/05/2018 às 10h01min

Semana da Enfermagem

SEBASTIÃO ELIAS DA SILVEIRA | ENFERMEIRO
 
A dedicação ininterrupta à vida humana é a essência da Enfermagem. A trajetória de trabalho, ensino e ciência em benefício da saúde da população é digna de respeito, reconhecimento e homenagens.

Em latim, infirmus designa a pessoa que não está firme ou que se encontra combalida e doente. Adaptado para o português, o termo originou a palavra enfermagem, que por sua vez, remete à ciência e profissão do cuidar que Florence Nightingale (1820-1910) classificou como uma arte, “talvez a mais bela de todas”.

O Dia Internacional da Enfermagem e dia do Enfermeiro no Brasil é 12 de maio, aniversário do nascimento de Nightingale, que marca também o início da semana comemorativa da categoria, a ser encerrada no dia 20 de maio, dia do Técnico de Enfermagem e data da morte de Ana Néri (1814-1880), a pioneira da Enfermagem no Brasil.

Como ciência matricial, a Enfermagem é precursora de outras profissões e da organização do trabalho na área de saúde, incluindo o trabalho em turnos no setor de serviços. Vocacionada especialmente ao atendimento das necessidades humanas básicas em todos os ciclos de vida e de maneira especial ao cuidado dos doentes, a Enfermagem brasileira tem uma produção cientifica importante e de alto impacto, maior que de países europeus.

O marco legal de organização da enfermagem no Brasil é o Decreto 791, de 1890, que criou a primeira escola profissional no país. As primeiras enfermeiras profissionalizadas atuaram no controle de endemias como a febre amarela, peste bubônica e varíola, além de preparar profissionais para o trabalho hospitalar.

Atualmente, a enfermagem brasileira conta com 1,6 milhão de profissionais, sendo 84% mulheres. Esse percentual já foi maior, demonstrando que a enfermagem segue à frente de sua época nas questões de gênero. Quando o mercado de trabalho ainda era escasso para mulheres, as enfermeiras eram hegemônicas na profissão e assumiam posições de destaque na saúde. Do mesmo modo, enquanto na sociedade atual perdura uma homofobia generalizada, entre os profissionais de enfermagem há um contingente expressivo de LGBT.

Mediando os interesses institucionais, das corporações e dos usuários, a enfermagem é corresponsável pelas melhoras dos indicadores demográficos e epidemiológicos que elevaram a expectativa de vida da população brasileira. Uma incomparável lida diária que exige dedicação operacional e intelectual gerenciando a assistência, executando procedimentos de risco e manejando complexas tecnologias capazes de promover a saúde, aliviar a dor, manter o funcionamento de órgãos vitais e, por conseguinte, a vida.

Resultado do compartilhamento de momentos de alegria e sofrimento, o cuidado de enfermagem é um produto imaterial, presente na proteção da criança imunizada, na segurança dos alimentos inspecionados, na evolução da gestação, na renovação da vida com o parto, na intimidade do doente, na segurança do acidentado ou quando os olhos de uma pessoa se abrem pela primeira vez ou se fecham pela última. Assim, a vida humana está para enfermagem como o palco para o ator, o avião para o aviador, a agricultura para o agricultor ou a rosa para o floricultor.

Em contrapartida, a enfermagem enfrenta problemas, como as transformações no processo de trabalho, a redução dos salários e o aumento de carga horária, o alto índice adoecimento por sofrimento físico e psíquico ou exposições a agentes químicos, físicos e biológicos, além das dificuldades para continuar se qualificando. Realidade diferente do cenário previsto no Projeto de Lei que regulamentou a profissão em 1955, que propôs carreira de 20 anos com 30 horas de atividade semanais.

O momento no País apresenta mudanças de ordem econômica, social, política, cultural e ambiental que afetam o Estado, o direito, a seguridade social e as possibilidades de trabalho decente. Neste contexto, o Brasil que conhecíamos não existirá mais e os reflexos atingirão também a enfermagem, que deve seguir sua bela trajetória em benefício da vida e de uma sociedade digna. Parabéns à Enfermagem brasileira! 
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