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27/02/2018 às 09h34min - Atualizada em 27/02/2018 às 09h34min

Educação financeira muda hábitos das famílias

REINALDO DOMINGOS* | LEITOR DO DIÁRIO

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabeleceu a obrigatoriedade da educação financeira nas escolas. Se restavam dúvidas sobre a importância de ensinar este tema às crianças, a Pesquisa Nacional de Educação Financeira nas Escolas revelou números que comprovam as mudanças ocasionadas na vida das famílias.

A pesquisa foi realizada em parceria entre o Instituto Axxus, o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit) do Instituto de Economia da Unicamp e a Associação Brasileira dos Educadores Financeiros (Abefin).

Para que fosse possível traçar uma análise ampla, foram entrevistados 750 pais, sendo metade formada por pais de alunos que estudam em escolas que adotam educação financeira, e a outra metade, por pais de alunos que estudam em escolas que não adotam a educação financeira. As cidades contempladas pela pesquisa foram Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Vitória.

Um dos dados mais impactantes diz respeito à resposta dos pais à seguinte pergunta: “se a partir de hoje você não recebesse mais o seu ganho mensal, por quanto tempo manteria seu padrão de vida atual?” Entre os pais dos alunos que não tiveram educação financeira, só 3% conseguiriam manter seu padrão de vida por até um ano ou mais, enquanto 53% manteriam por até seis meses e 44% por apenas um mês.

Já entre os pais com filhos que tiveram educação financeira, 25% conseguiriam manter seu padrão de vida por mais de um ano, 73% por até seis meses e apenas 2% por apenas um mês. O resultado impressiona por evidenciar o quanto o tema consegue fazer a diferença na vida da família dos alunos, possibilitando a conscientização sobre a importância de se ter reservas financeiras.

Da mesma forma, quando o questionamento é sobre o quanto as crianças têm consciência sobre as limitações financeiras da família, fica claro que as educadas financeiramente têm maior conhecimento. Em 33% dos casos, as crianças educadas financeiramente conhecem parcialmente a situação da família, enquanto 67% conhecem totalmente as limitações. Por outro lado, entre as crianças não educadas, 43% não conhecem nada da situação, 51% conhecem parcialmente e apenas 6% conhecem totalmente.

Além disso, enquanto 98% dos alunos com educação financeira se reúnem com a família para conversar sobre dinheiro, apenas 33% dos que não têm se reúnem. "Tais dados evidenciam o quanto o contato com o tema melhora a situação financeira das famílias e gera maior diálogo em casa, resultando em maior compreensão dos filhos sobre a situação que a família atravessa", afirma Reinaldo Domingos, presidente da Abefin. Outro importante dado da pesquisa diz respeito à forma como as crianças usam o seu próprio dinheiro.

81% dos alunos educados financeiramente gastam parte do que recebem e guardam outra a parte para os sonhos, enquanto 19% guardam tudo – o algo que não é o correto, pois é preciso ter equilíbrio entre consumir e poupar. Por outro lado, nas famílias sem educação financeira, 15% dos pais não sabem como os filhos gastam e 66% afirmam que os pequenos gastam seu dinheiro rapidamente, enquanto apenas 11% gastam apenas uma parte e 7% gastam tudo.

Com apenas alguns dados desta extensa pesquisa é possível perceber o quanto a educação financeira nas escolas é um conteúdo transformador, que possibilita a todos que fazem parte do cotidiano dos alunos melhorias na administração das finanças e maior foco na conquista dos sonhos, fomentando hábitos de consumo consciente. 
(*) Doutor em Educação Financeira
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