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13/02/2018 às 14h49min - Atualizada em 13/02/2018 às 14h49min

'O Regresso'

KELSON VENANCIO | COLUNISTA
Foto: Divulgação

Nesta terça-feira trago uma dica de DVD para encerrar bem tranquilamente os dias de folia. Com uma carreira relativamente nova, especialmente no cinema internacional, o cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu chega ao grupo de elite dos melhores diretores do cinema mundial. Em sua filmografia, poucas são suas obras, mas todas dignas de estarem marcadas na memória dos mais exigentes especialistas no mundo da sétima arte. “Babel”, “21 Gramas”, “Biutiful” e “Birdman”, este último ganhador do Oscar de 2015, são algumas delas.

Iñárritu nos tem ainda um longa de encher os olhos que também lhe garantiu o Oscar de Melhor Diretor em 2016: “O Regresso”. O filme se passa em 1823, durante uma expedição para território inexplorado no Velho Oeste. A trama gira em torno do explorador e comerciante de peles Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) que é atacado por um urso e deixado para morrer pelos seus companheiros. Glass sobrevive e parte para dentro de território selvagem durante o inverno a procura de vingança contra aqueles que o abandonaram.

Com pouco mais de duas horas e meia de duração, o filme não é cansativo. Nem vemos o tempo passar graças a uma série de fatores. Logo de cara temos um conflito tenso entre os exploradores e uma tribo de índios. O embate é tão intenso que depois de alguns minutos necessitamos de uma pausa na narrativa para respirar. E esse conflito é apenas a base para o que ainda está por vir: a excelente interpretação de Leonardo DiCaprio.

O ator que já havia sido indicado cinco vezes ao Oscar pelos seus excelentes trabalhos em “Aprendiz de Sonhador”, “O Aviador”, “Diamante de Sangue”, “O Lobo de Wall Street” faturou a estatueta com “O Regresso”.

E, de fato, DiCaprio, mesmo sem falar muito no longa por causa dos graves ferimentos que teve na luta com um urso, dá um show de interpretação. Seja sofrendo dores físicas e psicológicas, gemendo, chorando, com raiva, se arrastando na neve, tremendo de frio, de qualquer jeito, ele atua como nunca.

Mas o filme não foi feito para que Leonardo DiCaprio ganhasse o primeiro Oscar. “O Regresso” é mais que isso. É uma produção perfeita, do início ao fim. Tem um roteiro envolvente que te deixa com os olhos vidrados na tela já que a narrativa é agonizante. Uma fotografia belíssima que mistura as paisagens incríveis envolvendo florestas, montanhas e rios em meio à neve que congela praticamente tudo. A maquiagem é outro ponto forte da projeção e, neste caso, é essencial em todos os personagens que carregam o cansaço de uma longa caminhada gelada. A trilha sonora ajuda a dar o clima de tensão.

O melhor de “O Regresso” é o trabalho de direção excepcional que Iñárritu faz e que é detalhista, nos proporcionando uma obra cinematográfica espetacular. Como aconteceu em “Birdman”, o diretor usa e abusa de logos planos sequência para nos mostrar uma cena de uma forma diferente. Sem cortes, vemos de uma só vez, um explorador sendo atingido por um índio e, ferido, montar em um cavalo que foge para depois ser morto em movimento com uma flecha no peito. Iñárritu explora bem a natureza mostrando que, além do perigo de encontrar algum inimigo em sua jornada, o personagem Glass precisa tomar mais cuidado com as surpresas que encontra em meio à imensidão branca. Sim, o regresso é tudo isso e muito mais.

Nota 10
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