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30/01/2018 às 16h31min - Atualizada em 30/01/2018 às 16h31min

'A forma da água'

KELSON VENANCIO | COLUNISTA
Foto: Divulgação

“A forma da água” é o longa mais indicado ao Oscar de 2018. A produção conseguiu 13 nomeações, uma abaixo dos recordistas “Ben-Hur”, “Titanic” e “La La Land”. Entre elas estão Melhor Filme; Direção, para Guillermo Del Toro; Atriz, com Sally Hawkins; Ator Coadjuvante, com Richard Jenkins, Atriz Coadjuvante, com Octavia Spencer e Roteiro Original. O filme merece tudo isso ou está sendo supervalorizado?

A resposta, em minha humilde opinião é que o longa é sim um bom filme mas não merece todas as indicações que recebeu. A história se passa na década de 60. Em meio aos grandes conflitos políticos e transformações sociais dos Estados Unidos da Guerra Fria, a muda Elisa (Sally Hawkins), zeladora em um laboratório experimental secreto do governo, se afeiçoa a uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate ela recorre ao melhor amigo Giles (Richard Jenkins) e à colega de turno Zelda (Octavia Spencer).

Para quem conhece um pouco da obra do cineasta Guilhermo Del Toro, sabe que ele adora fazer filmes sobre monstros, sejam de terror, fantasia, dramático ou ação. E para a nossa alegria, a maioria deles são ótimos como “Círculo de fogo”, “O labirinto do Fauno”, “O Orfanato”, “Hellboy”, “A Colina Escarlate”, “O Hobbit” e outros. Nesse novo longa dirigido e escrito por ele em parceria com a roteirista Vanessa Taylor, temos pela primeira vez no currículo de Del Toro a junção dos monstros que ele tanto gosta com o drama, com o romantismo.

E para muitos, esse roteiro "viajado" pode parecer um absurdo. Onde já se viu uma mulher se apaixonar por um ser daquele não é mesmo? Antes de responder a essa pergunta, lembre-se que esta temática já é antiga no cinema até mesmo em contos de fadas como “A Bela e a Fera”. Talvez o que causa uma certa dificuldade de aceitação, é que nesse caso não existe nenhum tipo de fábula na narrativa. O fato descrito é real no contexto dos roteiristas. E é justamente por isso que para outros "A forma da água" é uma obra de arte.

Achei a história interessante e muito bem contada, apesar de também achar a premissa uma viagem. Mas viajar pelas histórias da sétima arte sempre me fascinou.

O longa merece sim ter sido indicado em diversas categorias no Oscar 2018, como de melhor filme (pelo conjunto da obra), melhor diretor já que Del Toro explora todos os quesitos nessa área e com bastante maestria, melhor atriz para Sally Hawkins que faz um trabalho brilhante interpretando a muda Eliza, melhor Figurino, melhor fotografia que é belíssima e melhor trilha sonora original com um trabalho impecável de Alexandre Desplat.

Só não concordo com as indicações de melhor ator e atriz coadjuvantes. Sou um grande fã de Octavia Spencer, mas dessa vez não vi nada demais na interpretação dela para que merecesse ser indicada. Pelo contrário, acredito que a personagem dela Zelda é até apagadinha demais diante dos outros trabalhos conceituados da atriz. O mesmo digo para Richard Jenkins que apesar de trabalhar bem como o vizinho de Eliza, também não fez algo magnífico como já fez interpretando o professor Walter Vale em “O Visitante”, pelo qual foi indicado ao Oscar de 2009 como Melhor Ator.

“A forma da Água” é sim um belo filme, mas não é tudo isso que estão dizendo por aí não. O fato é que o longa vai dividir muitas opiniões. Para alguns, uma obra de arte do cinema. Para outros, uma "viagem na maionese" no estilo “Sessão da Tarde”. Eu gostei e acho que em qualquer um dos casos é algo que merece ser visto.

Nota 7
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