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06/11/2017 às 05h27min - Atualizada em 06/11/2017 às 05h27min

Qual a lógica de tanto desperdício?

ROBSON XAVIER* | LEITOR DO DIÁRIO

Vivemos uma era onde qualquer desperdício é inaceitável, pois a escassez de recursos está clara para todos. Falta agua, falta energia, faltam alimentos a grande parte da população mundial e o acesso a insumos está a cada dia mais difícil.

Neste cenário, um setor parece imune a todas estas situações. Estamos falando da construção civil pela postura de algumas empresas ou prestadores de serviço. Qual dos leitores nunca escutou ao construir um imóvel residencial, comercial ou fazer uma reforma que deveria comprar mais material do que o necessário pois haverá, com certeza, necessidade de reformas, ajustes ou correções. Olhe o final de uma obra e veja a quantidade de material dos mais diversos tipos que serão jogados no lixo.

Na loja o vendedor já oferta 10% a mais de pisos, tintas, fios, canos e achamos normal.

Qual a lógica desta engrenagem? Qual a lógica de construir uma parede e quebra-la para colocar encanamentos, tubulações, etc. É difícil acreditar que em pleno século XXI aceitemos isso de uma forma passiva. Não dá para acreditar que seja por maldade ou interesses escusos.  

Quando migramos para o setor público a diferença é mais gritante ainda. Quantos projetos nós acompanhamos que não foram entregues, ou entregues com falhas absurdas que impedem o uso para a finalidade contratada? Será que todos esses erros existem para que os famosos aditivos sejam feitos?

Nos últimos meses tenho trabalhado com empresas de tecnologia que têm excelentes ferramentas para este segmento e a cada dia fico convencido que temos uma demanda enorme de avanços tecnológicos, pois ainda construímos como há décadas passadas. Por mais que os materiais, insumos e novos produtos evoluíram, as pessoas envolvidas ainda estão apegadas a modelos de trabalho ultrapassados e com quase zero de planejamento. Quem já viu um pedreiro ou pintor ler o rótulo de instruções de qualquer produto? Por que ainda temos que contratar uma maquete 3D se já é possível que o projeto seja feito em 3D desde o início e podemos saber desde a incidência do sol em qualquer data do ano para identificar sombras, luminosidade, etc., até a quantidade exata do material a ser utilizado?

A academia também precisa evoluir neste aspecto, vários professores não estão alinhados aos avanços da tecnologia neste segmento e não é por falta de incentivo, pois vários fabricantes entregam software gratuitamente para professores e alunos aprenderem novas formas de projetar, construir e manter as construções.

Felizmente existe um movimento gigantesco voltado para inovação em vários setores, principalmente em cidades inteligentes que para existirem têm que ser digitais e irão consumir e exigir novas tecnologias, serviços e mão de obra especializada. Isso movimenta a economia, cria novas oportunidades de negócios, surgimento de startups voltadas para este segmento e provoca que a academia busque e compartilhe conhecimento.

O poder publico também começa a sentir o impacto da inovação no dia a dia das cidades, os levantamentos digitais apoiam a cobrança justa dos impostos, a internet entrega bons serviços aos cidadãos e em breve projetos poderão ser aprovados mais rapidamente com a entrega digital e não em papel.

Se você busca oportunidades de trabalho ou na criação de negócios inovadores vale um olhar com atenção a este seguimento ( AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção ). Acredite, dá para fazer do limão uma boa limonada.

(*) Empresário, presidente do Sindicato das Empresas de TI e conselheiro do I9 Uberlândia

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