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13/04/2018 às 16h18min - Atualizada em 13/04/2018 às 16h18min

Moradia estudantil da UFU passa por reformas

Obras acontecem pela 1ª vez desde a inauguração há 5 anos; estudantes relatam outros problemas

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER
Por questões de procura e possibilidade da instituição, hoje vivem 100 pessoas na moradia | Foto: Vinícius Lemos

Após uma série de reclamações sobre as condições estruturais, a moradia estudantil da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), passa por reformas, pela primeira vez, em mais de cinco anos de inauguração. Os problemas, contudo, ainda envolvem questões de convivência e cortes de benefícios que eram concedidos a universitários. Ao custo de R$ 315,9 mil, a obra tem previsão de finalização em julho deste ano. Ao mesmo tempo a universidade pretende acionar juridicamente a construtora e afirma que os cortes estão ligados a questões legais, orçamentárias e éticas.

Infiltrações são os maiores problemas relatados pelos estudantes, mas a rede elétrica defeituosa e a falta de manutenção também são comuns entre os relatos, assim como móveis deteriorados e rachaduras pelas paredes. Um levantamento feito pelos próprios universitários dá conta de que dois apartamentos nunca foram usados, desde novembro de 2012, e outros oito foram fechados por algum período devido a questões estruturais, resolvidas de maneira parcial antes da atual reforma.

Por questões de procura e possibilidade da instituição, hoje vivem 100 pessoas na moradia. Se tivesse funcionando plenamente, a moradia estudantil abrigaria até 152 estudantes, nos 26 apartamentos, distribuídos em dois blocos. Cada unidade tem área de 88m2, com três quartos, onde podem morar até seis pessoas. Nem todos os apartamentos hoje têm o máximo de estudantes abrigados.

O orçamento vindo do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) é que custeia a moradia e outras linhas de assistência. Esse valor, segundo a pró-reitoria de Assistência Estudantil, reduziu de R$ 23 milhões em 2016 para R$ 19 milhões em 2017. O que significou uma corte de 17,3%.

Procurado pelo Diário de Uberlândia, o engenheiro e diretor de infraestrutura da UFU, José Anceloann, informou por meio de e-mail que quase todas as moradias apresentam problemas e que as obras que começaram em fevereiro passarão por todos que apresentaram algum tipo de problema de infiltração ou problema elétrico. “O procedimento adotado é inspecionar minuciosamente o problema e fazer correção pontual dele. Os problemas são parecidos, mas de origem diferente. A infiltração em um apartamento pode ter origem em um cano quebrado ou na deficiência de impermeabilização. Será verificado caso a caso”.

Ele ainda explicou que os cinco apartamentos que foram mantidos fechados também serão reformados, mas que eles não têm nenhum tipo de prioridade. “A ordem de intervenção foi planejada por prumadas, ou seja, a reforma inicia-se pelo apartamento do último andar e depois pelos apartamentos imediatamente abaixo desse”, explicou Anceloann.

ESTUDANTES

De acordo com o Alessandro Moreira, sem apoio como a moradia e para o transporte, ele não teria como seguir com a faculdade de Geografia, que cursa desde 2015. “Por esse motivo tenho em minha luta para que a assistência aos discentes em situação vulnerável não sejam findados, a fim de que outros futuros moradores, assim como eu, tenham esse mesmo direito à assistência”, afirmou. Ele é natural de Buriti Alegre (GO) e afirmou que a reforma apresenta qualidade, mas há outros fatores limitantes. “Alguns transtornos pelas obras e limitação do espaço de uso habitual para estudo, uma vez que foi interditada nossa sala de estudo”.

Uma universitária que pediu para não ser identificada explicou que existem problemas também de relacionamentos entre os alunos, que seriam alocados de maneira arbitrária, apenas com a separação entre homens e mulheres. Ela relatou ainda que há pouca informação disponível e que, por isso, muitos estudantes acabaram se mudando para a moradia já no fim do semestre passado. “Muita gente não sabia se ia ou não ter moradia. Agora essas pessoas começaram a mudar, mas na gestão passada, eles tentavam fazer uma integração. O principal problema é a convivência, são seis pessoas por apartamento. São pessoas diferentes. Teve caso de a pessoa se mudou e ninguém sabia que isso ia acontecer, a porta estava trancada e teve que chamar um chaveiro para abrir”, disse a universitária.

Muitos estudantes reclamaram ainda do corte de cestas básicas, que aconteceu em janeiro deste ano. O benefício era oferecido aos alunos da moradia a cada três meses.

ISONOMIA E CONVIVÊNCIA

O pró-reitor de assistência estudantil, Helder Eterno da Silveira, explicou que o corte nas cestas básicas se deu por uma questão de isonomia, uma vez que a maior parte dos alunos não recebia o benefício e que a ampliação implicaria em um aumento impraticável para no orçamento. Até o ano passado, 44 pessoas viviam na moradia e recebiam a trimestralmente. Isso custava à UFU R$ 24 mil. Entretanto, o auxílio moradia também é dado estudantes que não vivem nos prédios da universidade, no bairro Tibery. Ao todo são 1.639 bolsistas. De acordo com o pró-reitor, caso as cestas fossem dadas aos demais beneficiados, o valor gasto com os itens chegaria a R$ 894 mil. “A gente não pode beneficiar um grupo sem justificativa, de maneira legal. Às vezes, o grupo fora da moradia, que também recebe assistência, tem menos vulnerabilidade que outros. Sendo assim eu não posso dar cestas a 44 pessoas se mais de 1,6 mil teria o direito”, disse.

Sobre a questão da convivência, o pró-reitor disse que a UFU mantém políticas de solução de conflitos, mas que muitas vezes os pedidos que chegam é de exclusão ou mudança da moradia. “Não fazemos isso, a não ser que haja razão. Aprender a conviver com o diferente também faz parte do dia a dia”, afirmou.
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