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23/01/2018 às 05h25min - Atualizada em 23/01/2018 às 05h25min

Políticos locais temem por julgamento político

Na quarta-feira está previsto um ato público em frente à Justiça Federal

WALACE TORRES | EDITOR
Zaire Rezende: “decisão de Moro não foi juridicamente perfeita” / Foto: Divulgação

Políticos de Uberlândia que atuaram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seus dois mandatos na Presidência ou na Câmara dos Deputados esperam que o julgamento desta quarta-feira (24) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, seja menos político e mais embasado nos fatos.

Vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional, o ex-deputado e ex-prefeito Gilmar Machado (PT) espera que não haja uma inversão de papeis entre o Judiciário e a classe política. “Que seja um julgamento dentro das regras jurídicas. Que os juízes cumpram o seu papel e deixe a política com os políticos”, disse. “E que ele (Lula) possa ser julgado depois nas urnas, ao final do ano”, completa.

Gilmar Machado aponta que, mesmo em caso de uma eventual condenação, o ex-presidente será um fator que irá influenciar a eleição deste ano, mesmo que não participe como candidato. “Nesse momento há um sentimento de que sem o Lula o PT acaba. Isso não é verdade, o partido tem muitos quadros em condição (...) Mas o Lula vai estar presente no processo eleitoral de toda forma”, diz.

O também ex-prefeito e ex-deputado Zaire Rezende (PMDB) avalia o cenário que antecede o julgamento como “uma luta entre a direita e a esquerda”, a exemplo do que acontece em outros países da América Latina. “Estamos assistindo a um conflito de pensamento político. Há uma interferência total nessa eleição”, diz, citando que a decisão em primeira instância, dada pelo juiz Sérgio Moro, não foi juridicamente perfeita. “Ele fez a condenação baseada em suposições, hipóteses, não há um fato concreto (...) O Sérgio Moro presta um bom serviço para o Brasil nessa operação, mas se coloca à direita em questões políticas”.

Ainda segundo Zaire, a “falha” existente na sentença de primeira instância é que tem motivado as manifestações a favor do ex-presidente. “Se tivesse claro o fato (da condenação) não haveria o que fazer, mas não é o caso. Como não existe essa certeza absoluta, pode haver uma mudança (na sentença do TRF-4).

Para o deputado estadual Leonídio Bouças, presidente do PMDB em Uberlândia, não adianta tentar politizar o processo antes que o julgamento tenha um desfecho. “O Lula tem chance de ser candidato independente de ser condenado, pois caberá recursos. Que o processo irá culminar no impedimento, já é outra coisa”, avalia.

A reportagem tentou ouvir outros representantes com mandato, mas não conseguiu contato.

ATO PÚBLICO 

Na quarta-feira, antes do julgamento, representantes de partidos, movimentos sociais e simpatizantes em Uberlândia deverão fazer uma concentração na porta da Justiça Federal na cidade. O ato está sendo organizado pela Frente Brasil Popular.

Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro em julho de 2017 a nove anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex. Em caso de condenação em segunda instância, o ex-presidente fica inelegível pela Lei da Ficha Limpa, mas pode se manter na disputa também por meio de recursos.

Na ação, o petista é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras. O valor, apontou a acusação, se referia à cessão pela OAS do apartamento tríplex ao ex-presidente, a reformas feitas pela construtora nesse imóvel e ao transporte e armazenamento de seu acervo presidencial.
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